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Foi o anterior Governo a "fechar a torneira" à Inapa

Só na fase final das conversações com a Inapa é que o Estado "revelou a existência de uma instrução vinculante do secretário de Estado do anterior Governo, que proibia qualquer aporte financeiro à Inapa".

Pedro Ferreira
06 de Agosto de 2024 às 10:48
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A posição de não prestar qualquer financiamento à Inapa já vinha do anterior Governo, liderado por António Costa, mas que o atual Executivo só há pouco tempo revelou à empresa, de acordo com uma carta enviada pelo conselho de administração cessante aos colaboradores da distribuidora de papel a que o Negócios teve acesso.

"Estes votos de confiança da entidade representante do Estado [Parpública] contrastam, no entanto, com a falta de apoio ao longo destes anos na viabilização da restruturação da dívida", começa por dizer a missiva que acrecenta que esta posição "contrasta ainda com a postura recente por parte da Parpública".

Já que, "apesar de conversas em curso há meses, só na fase final revelou a existência de uma instrução vinculante do secretário de Estado do anterior Governo, que proibia qualquer aporte financeiro à Inapa". O documento refere-se, presumivelmente, a Pedro Sousa Rodrigues, secretário de Estado do Tesouro no ministério liderado por Fernando Medina.

Esta carta reitera ainda que, apesar de a administração "ter contado sempre com o apoio dos principais credores – que chegaram a aceitar uma redução de dívida muito significativa, na ordem dos 80%, numa solução conjunta com a Parpública – nunca foi possível, por indisponibilidade do maior acionista, chegar a uma solução de capitalização da empresa".

Refira-se que a distribuidora ainda tentou contrair um empréstimo de 12 milhões de euros, junto dos seus maiores acionistas, Parpública, Nova Expressão e Novo Banco, mas a "holding" que gere as participações do Estado – e que detém a maior fatia da empresa – recusou esta solução, ainda que soubesse da oportunidade de capitalizar a companhia com um "management buy out" em França.

O Estado tinha ainda noção de que o grupo japonês JPP estava interessado em adquirir o capital da empresa, tendo mesmo - horas antes da apresentação oficial da Inapa à insolvência - reunido-se com alguns administradores e demonstrado disponibilidade para apresentar uma manifestação vinculativa de interesses.

Entretanto, no final de julho, a Inapa apresentou-se à insolvência no tribunal da comarca de Lisboa Oeste. O Negócios sabe que está a ser elaborada a lista provisória de credores.

O tribunal marcou para 27 de setembro, pelas 14 horas, a realização da assembleia de credores para apreciação do relatório do administrador de insolvência.

Com dívidas da ordem dos 200 milhões de euros, tendo como principais credores bancos como o BCP, o Novo Banco e a CGD, a Inapa tem cerca de duas centenas de trabalhadores em Portugal e o Estado, via Parpública (holding que agrega as participações estatais em empresas), como principal acionista (44,89%), seguida da empresa do sector publicitário Nova Expressão (10,85%) e o Novo Banco (6,55%).

Os restantes 37,71% do capital da Inapa estão nas mãos de pequenos investidores.

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