Abel Mateus, ex-presidente da Autoridade da Concorrência (AdC), não sente “nenhuma frustração” por até hoje não ter sido detectado nenhum cartel no mercado dos combustíveis. Em entrevista ao jornal “i”, Abel Mateus lembra que nem nos Estados Unidos da América (EUA) tal aconteceu: “Nos EUA há total dedicação ao tema e até hoje não se confirmou a existência de cartel”.

Referindo que “o paralelismo de preços é sempre um indício de que pode haver ou não concertação”, o ex-presidente da AdC lembra na entrevista hoje publicada pelo “i” que “é preciso provar que há comunicação entre empresas”. “Isso é fundamental provar: eles encontram-se para combinar os preços? Não há evidência. E por isso nunca iniciámos nenhum processo”, afirmou Abel Mateus.

O antigo líder do regulador da concorrência disse ainda na entrevista ter sentido falta de poder de investigação. “Não se pode aumentar os poderes investigatórios sem crriminalizar cartéis. Temos que caminhar para lá – toda a Europa caminha para lá”, referiu Abel Mateus, admitindo que não tem havido coragem política para fomentar uma maior cultura de concorrência em Portugal.

Abel Mateus falou ainda da sua passagem pelo Banco de Portugal e cita “a falta de meios” como “um problema geral da regulação em Portugal”. “Para ter boas pessoas [nos reguladores], tem de ter as condições do mercado. Veja onde estão as pessoas que sabem muito dessas matérias: estão nas auditoras”, disse ainda o ex-presidente da AdC.