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Braga quer abandonar estádio de 200 milhões e construir um novo por 60 milhões

Pretende dizer adeus ao mais caro estádio do Euro-2004 e regressar ao 1.º de Maio, propondo-se requalificar o velhinho recinto que abandonou há 17 anos, dotando-o de uma capacidade para 20 mil espetadores, e construir um edifício multiusos com “food court”, escritórios e hotel.

23 de Abril de 2021 às 13:53
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Inicialmente orçado em 32,5 milhões de euros, a fatura do estádio que foi construído em Braga para o Euro-2004 ainda não está fechada, mas já ultrapassa os 180 milhões de euros. Depois de vários processos judiciais, estando atualmente mais em curso no valor de 10 milhões, o custo final deverá aproximar-se dos 200 milhões de euros.

 

Mas esta joia arquitetónica assinada por Souto Moura, que se tornou o mais caro estádio do Euro-2004, nunca foi amado na cidade, sofrendo de várias patologias em termos de acessibilidade e conforto para os adeptos e seus utilizadores.

 

De propriedade municipal, que tem vindo a assumir não só o serviço da dívida como os elevados encargos anuais de manutenção do estádio, a Câmara de Braga até já equacionou referendar a venda do recinto, mas viria a desistir da ideia, que poderá novamente surgir nas Autárquicas deste ano.  

 

Há anos que o SC Braga liderado por António Salvador não esconde o desejo de regressar ao velho estádio 1.º de Maio, tendo recentemente apresentado à autarquia um projeto de requalificação da sua antiga "casa", que está orçado em 60 milhões de euros, num investimento suportado totalmente pelo clube contra uma concessão por cerca de 80 anos.

 

No estudo entregue à Edilidade presidida por Ricardo Rio, a 15 de dezembro passado, o SC Braga propõe-se dotar o 1.º de Maio com "20 mil lugares de lotação com a melhor experiência de estádio possível - ‘Close to the Action’", assim como a "cobertura integral das áreas de bancada para maior conforto dos espetadores" e "estacionamento para cerca de 800 veículos ligeiros".

 

Novidade adicional: "Para o modelo de negócio do Sporting Clube de Braga, é fundamental complementar o estádio com actividades que gerem fluxo todos os dias da semana. Nesse sentido, propõe-se ocupar o atual campo de treinos com um edifício multiusos que albergará estacionamento público, ‘food court’, escritórios e hotel", lê-se no mesmo estudo, a que o Negócios teve acesso.

Porta da Maratona e fachada preservadas

Segundo o clube, o desenho que é proposto " é totalmente compatível com a atual implantação do pavilhão do ABC", mas admite "a possibilidade de este ser reconstruído e/ou ampliado".

 

E lembra que "é intenção da Câmara Municipal de Braga unir os parques da Ponte e do Monte Picoto, criando um grande parque central que integrará o Estádio 1.º de Maio, a piscina municipal, o pavilhão do ABC e o Altice Forum".

 

Assim, defende, "o estádio, a piscina, o ‘food court’, o pavilhão e o hotel serão o cerne do futuro parque central da cidade, contribuindo decisivamente para a sua afirmação como o principal polo de entretenimento e lazer do município", adiantando ainda que, "a poente do estádio, na zona dos campos das Camélias, será construído um novo complexo totalmente destinado ao atletismo".

De resto, respeitando o "edifício notável" e a "memória coletiva dos adeptos do Braga, e dos bracarenses em geral", o projeto de requalificação do 1.º de Maio contempla a preservação, "em toda a sua extensão, da Porta da Maratona e a fachada do estádio.

Câmara de Braga chuta novo estádio para canto

 

Acontece que o presidente da Câmara de Braga não concorda com o projeto e, em declarações à Rádio Universitária do Minho (RUM), esta sexta-feira, 23 de abril, disse mesmo ter já rejeitado a ideia, esclarecendo que o objetivo do executivo municipal é "a reabilitação" do estádio projetado por Souto Moura, sendo que já foi necessário "interromper a atividade em algumas zonas do próprio estádio, por razões de segurança".

 

"Estamos a finalizar um estudo por parte da Universidade do Minho para conhecermos todas as patologias existentes e as necessidades de reforço infraestrutural. Julgo que todos os bracarenses ambicionam a reabilitação desse estádio e não a construção de um novo estádio", defendeu Ricardo Rio.

 

Segundo o autarca, a intenção que lhe foi transmitida pelo presidente do clube passava por "um conjunto de ideias não para reabilitar, mas para criar uma nova infraestrutura".

 

"Não houve adesão à proposta", garantiu Rio, adiantando que não fecha a porta a uma possível colaboração com o clube, desde que as propostas em cima da mesa "respeitem os princípios da salvaguarda patrimonial do próprio Estádio", ressalvou, ainda em declarações à RUM.

 

"Esta vontade que me foi transmitida pelo presidente [do clube] vem corroborar uma conclusão que já muitos bracarenses tinham tirado que é a de que o novo Estádio Municipal foi um desbaratar de recursos públicos, que nem sequer serve ao SC Braga", rematou Rio.

 

(Notícia atualizada às 14:12)

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