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Negócio da Lafarge com grupos armados na Síria leva a demissão de CEO

O presidente executivo da LafargeHolcim, embora tenha sido ilibado pela investigação independente levada a cabo, decidiu abandonar funções no próximo mês de Julho.

Bloomberg
24 de Abril de 2017 às 10:09
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Os negócios feitos pela Lafarge na Síria, incluindo pagamentos a grupos armados ou terceiras partes que são alvo de sanções, levaram à queda, esta segunda-feira 24 de Abril, do presidente executivo do grupo cimenteiro agora denominado LafargeHolcim.

 

"O conselho de administração concluiu, agora, a investigação independente e confirmou que algumas medidas assumidas para manter sob seguranças as operações na fábrica da Síria foram inaceitáveis. Foram ainda cometidos erros significativos de avaliação que violaram o código de conduta aplicado", admite a maior empresa cimenteira do mundo num comunicado emitido no site oficial.

 

As conclusões seguem em linha com as indicações iniciais divulgadas em Março e que mostram que a empresa fez negócios com grupos armados e pessoas sancionadas – com quem, por lei, a cimenteira estava impedida de fazer negócios – em 2013, altura de tensão na Síria, com a escalada de violência perpetrada por grupos radicais. A fábrica da Lafarge, que foi accionista da portuguesa Cimpor desde 2000 até 2010 quando vendeu a posição à Votorantim, acabou por encerrar em Setembro de 2014 quando o autodenominado Estado Islâmico assumiu o controlo da região de Raqqa.

 

O papel do CEO da Lafarge, que foi alvo de fusão com a Holcim em 2015, foi um dos pontos que mereceu atenção especial na investigação levada a cabo pela companhia. Eric Olsen, o presidente executivo, "não foi responsável, nem estava ciente, de quaisquer irregularidades que tenham sido identificadas", ressalva a companhia. 

 

Apesar disso, Olsen decidiu abandonar o cargo a 15 de Julho. "A minha decisão deve-se à minha convicção de que vai contribuir para responder às enormes tensões que foram levantadas em torno do episódio da Síria. Embora, claramente, não esteja envolvido nem tenha tido consciência de qualquer irregularidade, acredito que a minha saída vai contribuir para trazer a serenidade a uma empresa que esteve exposto a este caso durante meses", escreveu o ainda presidente executivo num outro comunicado revelado esta segunda-feira. O substituto temporário será o presidente da administração, Beat Hess, até que se encontre um novo nome.

 

Será da responsabilidade de Olsen, até à data da sua saída, e do seu substituto a implementação de remédios para que o caso não se volte a repetir, nomeadamente a "adopção de um processo de avaliação de risco mais rigoroso na relação com terceiras partes de alto risco". Apesar da demissão, o grupo acredita que as investigações em curso não terão um "impacto financeiro adverso".

 

As acções da LafargeHolcim estão a recuar tanto em Zurique (perde 0,69% para 57,55 francos suíços) como em Paris (recua 1,51% para 53,43 euros). 

 

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