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"Holding" MGP vende 23% da Mota aos chineses e paga 50 milhões a membros da família
A MGP, holding controlada pela família Mota, encaixou 169,4 milhões de euros com a venda de 23% do capital da construtora aos chineses da CCCC. Quase um terço deste valor foi já utilizado para comprar as posições diretas detidas por membros da família, que assim encaixaram 49,5 milhões de euros diretamente.
A MGP - Mota Gestão e Participações, holding que agrega as posições da família Mota na Mota-Engil, concretizou esta segunda-feira o acordo para a venda de uma posição de 23% do atual capital da construtora aos chineses da China Communications Construction Company (CCCC).
A venda de 55 milhões de ações, tal como tinha sido anunciado, foi realizada a 3,08 euros por ação, pelo que a MGP realizou um encaixe financeiro de 169,4 milhões de euros.
Mas esta não foi a única operação hoje comunicada pela MGP. De acordo com um comunicado à CMVM, a "holding" comprou um total de 16.078.590 ações da Mota-Engil a vários membros da família que controla a construtora. Estas compras foram efetuadas ao mesmo preço acordado com a CCCC (3,08 euros), pelo que os membros da família fizeram um encaixe direto de 49,5 milhões de euros.
Assim, a MGP utilizou perto de um terço do encaixe com a venda aos chineses para comprar ações detidas diretamente pelos vários membros da família, como é o caso de António Mota, que é o "chairman" da construtora.
Apesar destas vendas, os membros da família ainda ficam com posições diretas na Mota-Engil. Depois das transações concretizadas esta segunda-feira fora de bolsa, a MGP passará a deter 40,09% do capital (95.226.563).
Se a esta posição forem somadas as participações diretas dos membros da família, passam a ser atribuíveis à FM – Sociedade de Controlo 100.077.022 ações da Mota-Engil, que correspondem a 42,14% do capital da construtora.
Antes da venda aos chineses, a FM detinha perto de 65% do capital da Mota-Engil.
Aumento de capital já arrancou
Mas a alteração da estrutura acionista da Mota-Engil não vai ficar por aqui. É que estas transações foram efetuadas no arranque do aumento de capital da construtora, que vai culminar no reforço de posição dos chineses da CCCC.
No âmbito do acordo com os chineses, a família Mota cedeu os direitos necessários para a CCCC comprar 44,4 milhões de ações no aumento de capital (a 1,5 euros cada uma).
Já a família Mota comprometeu-se a aplicar neste aumento de capital parte do encaixe com a venda aos chineses. Vai exercer os restantes direitos com que fica em carteira para subscrever 22,6 milhões de novas ações, investindo perto de 34 milhões de euros.
Se, como é expectável, todos os minoritários ficarem de fora do aumento de capital, a MGP ficará com cerca de 40% do capital (41% dos direitos de voto) no fim da operação.
Quanto aos chineses, que investem 236 milhões de euros nesta operação, ficam com 30% dos direitos de voto se o aumento de capital for totalmente subscrito e com 33,31% se os minoritários não participarem.
A Mota-Engil está a emitir 100 milhões de novas ações, a 1,5 euros cada uma - mas se apenas forem exercidos os direitos que eram detidos pela família Mota, a construtora encaixará 100 milhões de euros.
No arranque da operação, as ações da Mota-Engil negociavam abaixo de 1,5 euros, pelo que os minoritários não terão interesse financeiro em participar na operação.