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Empreiteiro repete falências, abandona 25 operários e deixa Estado “a arder”

Agostinho Amândio Nogueira, que há um ano levou uma das suas empresas à falência, sem pagar 700 mil euros ao Estado, desapareceu de uma outra construtora, deixando os 25 operários abandonados à sua sorte e o Estado “a arder” com, pelo menos, mais 1,4 milhões de euros.

A empresa de construção civil de Agostinho Amândio Nogueira tem sede em Mozelos, Santa Maria da Feira.
07 de Fevereiro de 2018 às 17:19
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Desde 8 de Janeiro que o empresário Agostinho Amândio Nogueira desapareceu da Agostinho Nogueira - Construção Civil, em Mozelos, Santa Maria da Feira, deixando os seus 25 trabalhadores sem salário nem justificações.

 

Com o salário de Janeiro por receber, os trabalhadores lembram que a empresa está em Processo Especial de Revitalização (PER).

 

De facto, há pouco mais de um ano, a 16 de Dezembro de 2016, um dia antes de o empresário completar 66 anos de idade, a Agostinho Amândio Nogueira, empresa unipessoal, viu aprovado o seu plano de recuperação em sede de PER.

 

De acordo com a lista de 59 credores desta empresa, à data de Julho de 2016, num total de 3,1 milhões de euros de créditos, a Segurança Social surgia como maior credor, com 680 mil euros, seguido da Caixa Geral de Depósitos (CGD), com 555 mil euros, enquanto o Fisco reclamava 130 mil euros.

 

Acontece que, dois dias antes da aprovação deste PER, a 14 de Dezembro de 2016, o mesmo Tribunal de Comércio de Oliveira de Azeméis decretou a insolvência da Agostinho Amândio Nogueira Lda., outra empresa de construção civil do mesmo empresário.

 

Sem viabilidade económica, a Agostinho Amândio Nogueira Lda. viu rapidamente o seu processo de insolvência ser encerrado, alguns semanas depois, por insuficiência de bens.

 

Faliu sem activos, deixando os credores "a arder" com 812 mil euros, 85% dos quais eram reclamados pelo Fisco e a Segurança Social.

 

O Negócios tentou, sem sucesso, contactar Agostinho Amândio Nogueira.

 

De regresso à empresa em PER e com o patrão desaparecido, a Lusa foi ouvir o director da Agostinho Amândio Nogueira: "Estávamos a meio de um PER, mas no dia 8 de Janeiro o patrão deixou de aparecer na empresa e nunca mais o vimos entretanto", afirmou  Adérito Ferreira, que se diz na mesma situação dos restantes trabalhadores.

 

"Depois de muitos contactos, soubemos que no dia 18 ele apresentou um pedido de insolvência no Tribunal de Oliveira de Azeméis, mas, como a nós não nos deu justificações nenhumas nem papéis para o desemprego, continuamos na empresa sem nada para fazer e sem poder sair daqui, para não perdermos os nossos direitos", contou, esta terça-feira, ainda à Lusa.

 

Referindo que "já para pagamento do salário de Dezembro houve dificuldades", só superadas devido à "intervenção de um cliente da empresa" que se revelou compreensivo para com a situação dos trabalhadores, Adérito Ferreira garantiu que nesta fase "só está em falta o ordenado de Janeiro", mas insiste que a empresa "não tinha falta de trabalho".

 

A Lusa refere que os funcionários evitam entrar em pormenores, mas atribuem os problemas financeiros da firma a alegadas "questões pessoais" do proprietário, que estarão a prejudicar até os seus "outros negócios", nomeadamente no sector dos equipamentos de refrigeração e da panificação.

 

Adérito Ferreira espera, por isso, que as entidades competentes possam agilizar a situação, de forma a que os trabalhadores não tenham que continuar a cumprir horário na empresa "quando estão sem nada para fazer", acabando por "sujeitar-se de tal maneira ao frio, que uns quantos já ficaram doentes".

 

"Nestas situações a justiça devia ser mais célere", defendeu. "Ficamos aqui o dia inteiro sem fazer nenhum, sem receber salário e sem poder procurar outra coisa, portanto acho que dá para ver o nosso desespero", enfatizou.

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