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“Bazuca” arrisca perder força com aumento dos custos na construção

Os empresários alertam para a subida do preço das matérias-primas e mão-de-obra, assim como a definição dos preços-base dos concursos. Líder da construção diz que “o PRR vai ser a somar para os espanhóis e não para nós”.

Edgar Martins
28 de Junho de 2021 às 08:56
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A execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assim como do próximo quadro comunitário, podem estar em causa com o disparo nos custos das matérias-primas, com o aumento do preço da mão-de-obra no setor da construção e com o risco de os concursos acabarem desertos por serem lançados com preços-base "irrealistas".

 

O alerta, noticiado pelo Público esta segunda-feira, 28 de junho, foi lançado pelos empresário da construção num seminário organizado na semana passada pela associação do setor (AICCOPN) em que esteve presente o secretário de Estado das Obras Públicas, Jorge Delgado. E em que pediram ao regulador para dar instruções técnicas aos donos de obra para terem em atenção aos preços-base, sob pena de aumentar a litigiosidade e não serem executados os fundos europeus nos prazos previstos.

 

"O aumento dos custos dos materiais e da mão-de-obra vão ter repercussões diretas e indiretas nos concursos. Nós não temos preços-base de referência, o que propicia a entrada de empresas estrangeiras e de propostas muito baixas. O PRR vai ser a somar para os espanhóis e não para nós", dramatizou Manuel Reis Campos, citado pelo mesmo jornal.

 

Esta é uma preocupação transversal aos empresários deste setor. Como o Negócios noticiou na semana passada, também a Casais, uma das maiores construtoras portuguesas, aponta como um dos maiores fatores de risco nesta fase, além da pandemia e da falta de mão-de-obra, a escassez e o aumento do custo das matérias-primas essenciais para a construção.

 

O CEO da construtora de Braga, António Carlos Rodrigues, deu o exemplo do aço, madeira, alumínio, PVC (termoplástico) e cobre, que "subiram abruptamente" nos últimos dois meses, alguns para patamares sem paralelo nos últimos 25 anos. E reconhece que as empresas, mesmo não estando precavidas em termos contratuais, vão ter dificuldade em manter o preço das empreitadas.

 

Segundo os cálculos apresentados pelo Público, entre o PRR, o que resta do PT 2020 e o novo ciclo de fundos comunitários (2021-2027), o valor médio anual de fundos a executar ronda os 6,8 mil milhões de euros. Um valor inédito, mas que está pressionado pelo tempo, uma vez que o atual quadro encerra em 2023 e a bazuca tem prazo de validade até 2026.
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