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Paulo Azevedo: Sonae está a "entrar no mundo das fintech"

"Saio do lugar executivo com enorme sentido de ter cumprido", considera Paulo Azevedo em entrevista à Exame, em que assume que a idade pesou na decisão. "É mais importante que eu consiga ser um bom ‘chairman’" do que "ser um bom CEO".

Negócios 02 de Janeiro de 2019 às 11:06
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A Sonae mudou. E vai continuar a mudar. É a garantia de Paulo Azevedo, um dos dois presidentes executivos da empresa que vai, este ano, ficar apenas como presidente não executivo. Uma das mudanças é a aposta na área financeira.

 

"Os ‘financial services’ vão tornar-se importantes", revela Paulo Azevedo, na entrevista dada na edição de Janeiro da revista Exame. De que fala, quando menciona estes serviços? "Cartão Universo, sistemas de pagamento que agora também temos a funcionar e um conjunto de serviços que estamos a ligar ao Cartão Universo, que passou a ser um cartão de pagamentos online e virtuais. Estamos a entrar no mundo das fintech".

 

A Sonae, continua o ainda presidente executivo, já não é uma empresa do retalho. "A Sonae hoje já não tem core. Já se assumiu como uma empresa diversificada, com alguns importantes de retalho, mas os centros comerciais, as telecomunicações, o 'investment management' e as novas tecnologias são muito importantes". E é aqui que entram, também, os serviços financeiros. 

 

É esta nova realidade que ficará a cargo de Cláudia Azevedo, quando, no final do atual mandato, subir a CEO.

Paulo Azevedo vai, este ano, abandonar a presidência executiva da Sonae e ficará apenas como presidente da administração, não executivo. "Saio do lugar executivo com uma enorme tranquilidade e enorme sentido de ter cumprido", assume o gestor à revista Exame.

 

Paulo Azevedo poderia continuar como presidente executivo da Sonae. Mas não quer. "Não teve nada de inesperado", diz. Há mais de quatro anos, mesmo antes do atual mandato, em que surgiu como co-CEO ao lado de Ângelo Paupério, que já estava pensado que passaria a presidente não executivo e que Paupério deixaria aquela função. O pai, o falecido empresário Belmiro de Azevedo, estava de acordo. "O que não sabíamos era quem seria o sucessor".

Assume que a idade é um fator importante para estar no cargo. "A idade conta muito" para cargos de exigência elevada, como a de CEO da Sonae. "Sinto que já não tenho algumas das capacidades que tinha", admite. "A solução que encontrei deixa-me superorgulhoso e satisfeito". 

 

"É mais importante que eu consiga ser um bom ‘chairman’, um bom representante da família e um bom acionista, do que um bom CEO, dadas as muitas e boas alternativas", concretiza. Será "chairman" da Efanor, a empresa familiar que controla os negócios, e da Sonae, Sonae Indústria e Sonae Capital. E há ainda o objetivo de autonomizar, através de colocação de parte do capital em terceiros, a área de retalho alimentar, a Sonae MC.

 
Paulo Azevedo diz que já sentiu, nas férias que teve após o anúncio da mudança da gestão da Sonae, um efeito prático: "Pela primeira vez em muitos anos, não acordei e a primeira coisa que fiz foi ver as vendas do dia anterior".

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