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Indústria tabaqueira em Portugal produz 15% dos cigarros vendidos na UE

Estudo revela que por cada 1 euro gasto pelos três grupos empresariais que representam hoje a indústria tabaqueira em Portugal foram gerados 1,4 na economia.

Bruno Simão
30 de Março de 2023 às 10:30
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A indústria tabaqueira em Portugal representa aproximadamente 15% das vendas de cigarros da União Europeia (UE), impacta direta ou indiretamente quase 44 mil pessoas ao longo da cadeia de valor e gera receitas fiscais superiores a 1,2 mil milhões de euros por ano.

Estas são algumas das conclusões de um estudo sobre o impacto social e económico da indústria de tabaco em Portugal, apresentado esta quinta-feira, levado a cabo pelo ISCTE Executive Education a pedido da Tabaqueira, subsidiária da Philip Morris International (PMI) em Portugal, o maior operador económico do setor no país.

O setor relacionado com fabrico de produtos derivados de tabaco - que remonta ao século XVI em Portugal e chegou a ter, nos tempos aúreos da indústria, quase meia centena de fábricas - encontra-se, desde a segunda metade do século XX, concentrado em três grupos empresariais - que incluem, além da Tabaqueira, a Fábrica de Tabaco Micaelense (a mais antiga do país, com mais de 155 anos) e a Empresa Madeirense de Tabacos, que dispõem de um total de quatro unidades produtivas em Portugal continental e nas ilhas.

Em conjunto, os três são "responsáveis pela quinta produção mais relevante para as vendas da indústria nacional", produção essa que ocupou 14,8% nas vendas totais de produtos de tabaco produzidos na UE (com 655 milhões de euros), a seguir à Polónia que entrou com 28,2% de toda a produção europeia (1,2 mil milhões).

De acordo com o estudo, em 2021, o setor contribuiu com um saldo positivo superior a 589 milhões de euros para a balança comercial portuguesa e gerou 260 milhões de Valor Acrescentado Bruto (VAB), sendo o volume de negócios médio (138 milhões) 106 vezes superior ao registado pelas empresas dos vários setores da indústria transformadora portuguesa (1,3 milhões).

Aliás, no universo da indústria transformadora (67.252 empresas), as empresas do setor do tabaco ocupam a segunda posição relativamente ao volume de negócios médio por atividade económica, logo a seguir às do setor petrolífero, à luz dos mesmos dados.

O estudo revela ainda que considerando o investimento que durante o ano de 2021 o setor fez, por via do pagamento a fornecedores nacionais, ao Estado e aos trabalhadores, por cada 1 euro gasto por estes grupos empresariais foram gerados 1,40 na economia portuguesa.

É, de notar, neste âmbito que existe entre os três grupos uma relação de parceria, já que a Tabaqueira é o principal cliente da Fábrica de Tabaco Micaelense (responsável por cerca de 80% das suas encomendas), e um dos principais da Empresa Madeirense de Tabacos (com participação em aproximadamente 50% do valor de produção).

Já a receita fiscal total gerada pelos três grupos empresariais foi de aproximadamente 1,2 mil milhões de euros em 2021, o equivalente a quase 3,3 milhões por dia.

Olhando para o impacto social, a pesquisa do ISCTE indica que, em 2021, foram 43.848 as pessoas impactadas pelo setor do tabaco em toda a cadeia de valor, das quais 3.186 diretamente. Deste universo 1.528 trabalhavam nos três grupos empresariais, enquanto os restantes 1.658 em empresas fornecedoras.

Indiretamente foram impactados 35.883 trabalhadores que fazem parte da cadeia de valor da indústria de tabaco em Portugal, mas não exercem trabalho exclusivamente nesta indústria (15.744 estavam ao serviço de fornecedores, 4.175 em distribuidores e 15.964 em canais de venda).

A investigação do ISCTE também olha para atividade da indústria além tabaco, destacando que 9% do volume de negócios da Tabaqueira em 2021 ((mais de 36 milhões de euros) foi já proveniente da prestação de serviços de alto valor acrescentado, feita através dos centros de excelência e departamentos globais que a multinacional tem vindo a instalar, desde 2016, no mercado nacional e aos quais estavam alocados cerca de 250 trabalhadores altamente qualificados.

"Este estudo permite perceber a resiliência e o peso de um setor que não só dinamiza todo o território nacional como atrai investimento para o mercado português e tem uma forte componente exportadora, assumindo um peso muito relevante nas vendas do mercado europeu – cerca de 15% do total, 10 vezes mais do que aquilo que a economia portuguesa representa no seio da UE", observa o presidente da comissão executiva do ISCTE Executive Education, José Crespo de Carvalho.

"Importa, por isso, acompanhar o processo de transformação em curso deste setor. A sua resiliência e competitividade são cruciais para a indústria nacional", reforça o mesmo responsável, citado num comunicado de imprensa sobre a pesquisa, apresentada esta quinta-feira numa conferência do ISCTE intitulada "Investir em Portugal: Transformação, Inovação e Competitividade".

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