Demorou pouco mais de meia hora a última assembleia-geral (AG) da Sonae SGPS da era Belmiro de Azevedo. O histórico empresário deixou esta manhã a administração da empresa da Maia, num dia cinzento, mas que mesmo assim não diminuiu o sorriso do engenheiro que transformou a Sonae numa das maiores empresas portuguesas das últimas décadas.

Na reunião só accionistas entravam. E mesmo assim foram poucos os minoritários a irem à Maia. Belmiro, no fim, acompanhado por Paulo Azevedo e por Ângelo Paupério, nomeados co-CEO da empresa, deu o ar da sua graça, sorridente, mas sem declarações. O filho Paulo assumiu também agora o cargo de "chairman" que era, desde 2007, o título do seu pai.

A convocatória para a assembleia-geral de accionista indicava que iriam ser nomeados novos órgãos sociais. A informação das propostas ditava que seria um acontecimento histórico: 30 de Abril ditaria a saída de Belmiro de Azevedo da administração da Sonae. Mas o ambiente, na Maia, não transparecia o simbolismo do acontecimento. Sem abrir as portas ao público e com poucos jornalistas. Sem aparato mediático. Ao estilo da Sonae.

O próprio Belmiro tem vindo gradualmente a reduzir o número de eventos em que aparece. Este ano, o engenheiro já não foi à apresentação das contas da Sonae SGPS. Fez um discurso de despedida no almoço que marcou 50 anos à frente da Sonae, onde prometeu dedicar-se à educação. "Estamos a criar um 'think-tank' de Educação em Portugal, encabeçado pela Fundação [Belmiro de Azevedo], ao qual dedicarei parte substancial do meu tempo futuro", disse nessa altura, em Março.

Belmiro de Azevedo, 77 anos, entrou na empresa em Janeiro de 1965 e sai agora depois de ter lançado alguns negócios que fazem parte da história da economia portuguesa, sendo talvez o mais emblemático o lançamento do primeiro hipermercado em Portugal, há 30 anos, transformando a distribuição numa parte importante na Sonae.

Mas foi na Indústria que tudo começou, em 1959, e foi lá também que Belmiro esteve esta manhã de quinta-feira, 30 de Abril de 2015, reunido com os accionistas da Sonae. Na festa dos 50 encerrou o discurso com um "obrigado a todos e venham os próximos 50 anos". Hoje, preferiu não dizer nada.