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Vítor Bento rejeita que banca em Portugal tenha pouca concorrência

Na conferência que celebra os 40 anos da Associação Portuguesa de Bancos (APB), o presidente sublinhou que, ao contrário do "mito" que quer desfazer, a atividade bancária no país desenvolve-se através da concorrência. Mas, não deixa de passar a ideia de que os bancos externos que cá operam têm vantagens.

Miguel Baltazar
15 de Outubro de 2024 às 16:38
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O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) quer "desfazer um mito" que paira sobre o setor da banca em Portugal: o de que não existe concorrência. "Contrariamente à narrativa mitificada, a atividade bancária em Portugal desenvolve-se em ambiente concorrencial", garantiu. 

Vítor Bento rejeita a ideia de que Portugal não é um mercado com forte concorrência. "Cá operam 62 bancos que integram cerca de 142 instituições de crédito. Com um mercado aberto à operação de bancos do exterior, neste caso, da União Europeia", sublinha o responsável da APB, acrescentando que "30% do endividamento das empresas por via de empréstimos tem origem" lá fora. Nas famílias, diz, o peso do envididamento com origem no exterior é "negligenciável".

Estas instituições estrangeiras, frisa, "têm forte vantagem competitiva" face aos bancos nacionais, isto porque não têm a obrigação de pagar as contribuições extraórdinárias e fiscalidade especial aplicada ao setor, apontou na celebração do quadragésimo aniversário da associação que lidera, na conferência "Papel da banca no desenvolvimento económico-social", a decorrer esta terça-feira, no SUD, em Lisboa.

Além disso, relembrou que as empresas externas que cá operam não são abrangidas "pelo gold plating da regulação nacional", ou seja, à regulamentação que o Banco de Portugal "gosta de apor" à já regulamentação europeia já existente.

Apesar disto, o presidente da APB garante que o número de bancos não define se há ou não concorrência, mas sim a concentração. Por cá, a concentração é "muito moderada", afirmou, "em linha com o que se espera" face à dimensão do país. Ainda assim, Portugal está ao nível do país vizinho, que tem um mercado muito maior. 

A diferença nos níveis de concentração é reflexo das comparações das taxas de juro, sobretudo a do crédito à habitação, que o presidente disse ser o risco "mais facilmente comparável".

Durante os últimos 20 anos, as famílias portuguesas pouparam cerca de 20 mil milhões de euros, o que equivale a mil milhões por ano, "ou seja, cerca de um terço dos juros pagos", de acordo com os dados revelados pela APB. Estes valores resultam da preferência das famílias pela taxa variável no crédito à habitação, "preferência que as circunstâncias favoreceram até muito recentemente", acrescentou. 

Sobre a capacidade da banca de atrair capital, o presidente da APB acredita que depende da capacidade de "gerar rendibilidade" e que, nos últimos dois anos, a rendibilidade do setor foi "razoável" mas, ainda assim, "pouco atrativa", quando comparada a outros setores. 

"Ninguém investe num banco, como em qualquer outro negócio, se não tiver uma forte expectativa de ver o capital remunerado ou aumentado, pelo menos tanto quanto poderia conseguir num investimento alternativo de risco semelhante", explicou, sublinhando que o "desenvolvimento económico e social depende de bancos rentáveis".

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