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Último dono de um milhão de ações do Goldman reforma-se
Nos últimos 20 anos, Greg Palm travou várias lutas em nome do Goldman Sachs. Chegou a altura de sair, sendo atualmente a única pessoa com um milhão de ações do banco de investimento.
Enfrentou o xerife de Wall Street, Eliot Spitzer. Enfrentou um Congresso irritado. Conteve escândalos que, às vezes, chegaram aos santuários mais recônditos do banco. Durante duas décadas, Greg Palm travou sucessivas batalhas pelo Goldman Sachs Group. Agora, aos 70 anos, está pronto para deixar de ser o seu principal advogado.
Na verdade, Greg Palm deveria ter saído no ano passado, mas a sua saída foi adiada, segundo fontes próximas do assunto. Investigações sobre o trabalho do Goldman Sachs ligadas ao fundo malaio de investimento 1MDB têm aquecido. No entanto, projeta-se que Palm abandonará o banco nas próximas semanas, sendo que as negociações sobre o 1MDB estão firmemente sob o controlo da codiretora do departamento jurídico, revelaram as mesmas fontes.
Por enquanto, a saída de Lloyd Blankfein em dezembro concedeu ao diretor jurídico de longa data um título conferido a poucos: hoje, nenhuma outra pessoa na instituição tem mais ações do banco do que Palm, dono de um pé-de-meia de um milhão de ações.
Provavelmente nenhum outro funcionário acumulará tantas ações outra vez. Palm pertencia à sociedade antes da abertura de capital do banco, em 1999 – um grupo que está a desaparecer à medida que o banco atravessa uma mudança geracional.
"Não sei se alguma vez resolvemos um problema completamente, mas sempre tivemos uma relação amistosa", disse Spitzer, que chegou a ser governador de Nova Iorque após atacar os bancos de Wall Street como procurador-geral do estado. "Uma entidade tão grande como o Goldman vai ter sempre problemas. Greg sairá merecidamente com aplausos."
Um porta-voz da instituição preferiu não fazer comentários em nome de Palm.
Recompensas
Pelo seu papel à frente das batalhas mais árduas do Goldman Sachs, Palm foi recompensado generosamente pelo seu empregador. Ganhou cerca de 500 milhões de dólares, incluindo cerca de 180 milhões de dólares em ações do Goldman, além de dividendos, distribuições de fundos administrados pela companhia e o conseguido com a venda de ações, segundo dados compilados pela Bloomberg. Palm está entre os advogados corporativos mais ricos dos EUA e entre as pessoas mais ricas que trabalham num banco de investimento do mundo, o que destaca a sua persistente importância para o Goldman ao longo de 26 anos.
Palm tem estado ocupado nos últimos anos. Prestou depoimento ao Comité Bancário do Senado dos EUA quando o governo resgatou o setor financeiro em 2008. Depois, travou uma notória batalha para defender o Goldman Sachs quando o banco foi vilipendiado e acusado de ter enganado os investidores com o "subprime".
Isto incluiu negociações tensas com o regulador de mercados de capitais americano, a SEC, que tinha entrado inesperadamente com um processo pelo que ficou conhecido como o escândalo Abacus. Irritou os funcionários da SEC com a sua falta de disposição para expressar remorsos pela atuação do Goldman Sachs, segundo uma pessoa próxima das negociações. O banco acabou por pagar uma multa recorde e admitir que cometeu um "erro" de marketing.
Num evento no ano passado, um advogado do escritório de advogados Sullivan & Cromwell fez uma piada sobre um aspeto de Palm que raramente é visto. "Greg também tem um lado competitivo", disse Bob Giuffra. "Quando está a negociando um acordo com o governo, a sua única regra é pagar menos do que o JPMorgan."
(Texto original: Goldman’s $500 Million Lawyer Is Ready to Call It Quits)