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Trump pondera segmentar actividades dos bancos de Wall Street
Donald Trump disse esta segunda-feira que está a ponderar segmentar os bancos de Wall Street, numa versão Glass-Steagall do "século XXI". E está também a pensar avançar com um imposto sobre a gasolina.
O presidente dos Estados Unidos declarou esta segunda-feira, 1 de Maio, em entrevista à Bloomberg News na Sala Oval da Casa Branca, que está a pensar separar as actividades dos grandes bancos norte-americanos.
Donald Trump referia-se à lei Glass-Steagall de 1933, que foi repelida em 1999, que obrigava a banca dos EUA a segmentar as suas actividades comerciais das de investimento. Trump está a ponderar reintroduzir essa norma, numa "versão século XXI".
"Tenho estado a analisar a questão", declarou Trump. "Há pessoas que querem regressar ao velho sistema, não é? Então estamos a analisar-lo", explicou.
Recorde-se que, na sequência da crise financeira de 2007-08, adoptou-se nos EUA, a 21 de Julho de 2010, a Lei Dodd-Frank, de regulamentação do sector financeiro, que visava separar novamente as actividades da banca de investimento e as de retalho, nos grandes bancos, mas a sua regulamentação não ficou concluída.
A aplicação da Dodd-Frank, que tem inúmeros capítulos, esteve sobretudo centrada no reforço da transparência e responsabilidade do sector bancário e na limitação do tamanho dos bancos, num contexto de futuras fusões. Os chamados bancos "demasiado grandes para falir" tinham dado uma grande dor de cabeça à Administração norte-americana, durante a crise, e a ideia era que isso não se pudesse repetir.
Trump parece, assim, estar a preparar mais uma reviravolta. Pelo menos, diz que sim. Há menos de um mes, declarou várias vezes que iria aliviar o sector banqueiro em matéria de regulações e chegou mesmo a dizer que estava a preparar "um grande corte de cabelo" na Dodd-Frank. A expressão deu lugar a inúmeras graças, já que o "haircut" [amortização da dívida, com perdão parcial] foi uma palavra muito usada durante a crise financeira.
Além disso, o chefe da Casa Branca disse, nesta mesma entrevista à Bloomberg, que está a ponderar aumentar o imposto sobre a gasolina para financiar o investimento em infra-estruturas. E declarou que impostos mais elevados sobre o combustível são considerados aceitáveis pelos camionistas - "tenho um amigo que é camionista" - desde que as receitas se destinem a melhorar as estradas norte-americanas.
Depois da euforia destes sectores, à conta da prometida reforma fiscal e revisão de algumas rígidas regulações do sector financeiro, estas declarações feitas hoje foram um "balde de água" fria para as empresas que operam nestas indústrias, que acabaram por encerrar generalizadamente em baixa na sessão bolsista de Wall Street.
(notícia actualizada às 22:58)