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Trabalhadores da Oitante exigem esclarecimentos sobre venda de crédito malparado

A Comissão de Trabalhadores da Oitante vai pedir esclarecimentos à administração da empresa sobre a venda que terá sido feita a um investidor de crédito vencido que pertencia ao Banif, considerando que a informação que têm aponta para um negócio "ruinoso".

Carolina Cravinho
03 de Maio de 2016 às 22:02
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Numa nota enviada à Lusa, a Comissão de Trabalhadores da empresa que ficou com activos do Banif aquando da resolução do banco em Dezembro passado refere que teve conhecimento de ter sido firmado um acordo para a alienação a um investidor "de cerca de 426 milhões de euros de créditos vencidos, pelo montante de cerca de 24 milhões de euros, ou seja cerca de 5% do seu valor".

 

Segundo os trabalhadores, caso se confirme o negócio, este tem um "'haircut' inerente de mais de 94%", o que consideram que será um "negócio ruinoso, altamente lesivo dos interesses da Oitante, dos seus trabalhadores" e até dos contribuintes.

 

A Comissão de Trabalhadores vai pedir, assim, à administração da Oitante esclarecimentos sobre esta operação na reunião que está agendada para 06 de maio e, a confirmar-se, pedirá mesmo a "imediata suspensão desse negócio, sem necessidade de recurso a outros meios legais".

 

A sociedade-veículo Oitante foi criada pelo Banco de Portugal, no âmbito da resolução do Banif em Dezembro do ano passado, tendo ficado com os activos que o Santander Totta não quis comprar, nomeadamente crédito malparado e imóveis.

 

Antes da resolução, já o banco liderado por Jorge Tomé estava a trabalhar na venda de um conjunto de activos a investidores internacionais, sendo então assessorado pela empresa espanhola N+1.

 

Com a resolução do Banif, esses activos ficaram com a Oitante e, de acordo com a informação recolhida pela Lusa, a boutique financeira N+1 continuou a ter mandato para negociar a alienação dessa carteira a investidores internacionais, mas já com a Oitante. Será parte dessa carteira de crédito que estará a ser agora vendida.

 

A Lusa questionou o Banco de Portugal sobre este assunto, uma vez que a Oitante está na alçada do regulador e supervisor bancário, mas até ao momento não obteve resposta. Também o Ministério das Finanças não respondeu.

 

A Oitante tem como presidente Miguel Barbosa, que era o representante do Banco de Portugal na administração do Banif. 

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