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Tomás Correia diz que nenhum salário paga o que tem sofrido no Montepio  

"Para mim, em termos anuais, depois de pagar os meus impostos, dará um rendimento na ordem dos 11 mil euros, que é quanto eu ganho líquido por mês, vezes 14 meses", disse Tomás Correia, em entrevista à agência Lusa.

Miguel Baltazar/Negócios
23 de Outubro de 2018 às 07:47
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O presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia, admite ganhar "muito bem", mas vinca que não há dinheiro "que pague tudo o que tem sofrido" nos últimos anos à frente da instituição.

 

"Para mim, em termos anuais, depois de pagar os meus impostos, dará um rendimento na ordem dos 11 mil euros, que é quanto eu ganho líquido por mês, vezes 14 meses", disse Tomás Correia, em entrevista à agência Lusa.

 

E reconheceu: "Obviamente que eu não me queixo do salário e considero que ganho muito bem".

 

Contudo, "muita gente se devia questionar, [tendo em conta] aquilo que tenho enfrentado ao longo dos últimos anos, se há algum dinheiro, ou se um dinheiro desta dimensão, que pague tudo o que tenho sofrido", vincou o responsável, aludindo às polémicas em que tem estado envolvido, nomeadamente por ser arguido em processos.

 

"Sobretudo o que foi preciso de determinação, de sacrifício físico, para poder defender esta instituição e hoje podermos dizer que passámos uma das maiores hecatombes do sistema financeiro em Portugal do último século", adiantou Tomás Correia.

 

No final de Setembro, o jornal Público noticiou que, em 2017, os encargos anuais do grupo Montepio com os administradores executivos da Associação Mutualista (cinco) e da Caixa Económica Montepio Geral (sete) foram de quase oito milhões de euros, valores que envolviam as remunerações, mas também verbas destinadas a pensões futuras.

 

O Público precisava que, no ano passado, Tomás Correia ganhou cerca de 30 mil euros por mês.

 

Na entrevista à agência Lusa, a propósito do fim de mandato dos órgãos sociais, dadas as eleições marcadas para 07 de Dezembro, Tomás Correia afirmou não ter outras regalias além do salário.

 

"Não há cartões de pagamento e utilizo o carro nos meus trabalhos de serviço, levo-o e trago para casa", indicou.

 

O líder da Associação Mutualista Montepio deu também conta de que, quando assumiu a presidência da instituição há 10 anos, eliminou "todo e qualquer pagamento além dos 14 meses" de salários.

 

Ainda assim, manteve os valores de salário base dos administradores: "O salário base no Montepio é exactamente aquele que existia para o presidente e para os administradores quando eu lá cheguei. Tenho exactamente o mesmo salário base que tinha o Dr. Costa Leal e que depois teve o Dr. Silva Lopes".

 

Além do salário, havia "outros pagamentos" como "uma verba de 11% sobre o salário normal, que era feita em abril, e depois um prémio na linha daquilo que também era concedido a todos os trabalhadores do Montepio", o que permitia aos administradores receber "entre 17 a 18 meses de salário por ano", indicou Tomás Correia.

 

Assegurando que nada disso existe hoje, o responsável notou que a eliminação de tais pagamentos foi "uma antecipação" aos problemas da banca.

 

"Quando toda a gente não ligou a isso, nós eliminámos tudo aquilo que eram benefícios", adiantou Tomás Correia, falando numa "perda líquida brutal" para os executivos.

 

A Associação Mutualista Montepio Geral, com mais de 600 mil associados, é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário.

 

Tomás Correia diz que Mutualista precisa de alguém jovem mas admite recandidatar-se

 

O presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia, mantém o tabu sobre a sua recandidatura à liderança, admitindo fazê-lo "no limite", se não encontrar alguém mais jovem para o substituir.

 

"Gostava de ter uma pessoa da geração anterior à minha que assumisse as rédeas do Montepio, imbuída nos seus valores, que não renegasse a sua história e que tivesse condições para acrescentar mais património ao grande património que esta casa tem. E tem de ser alguém que pudesse cá estar 15 anos", disse em entrevista à agência Lusa o presidente da Associação Mutualista desde 2008 e que, até 2015, acumulou com a presidência do banco Caixa Económica Montepio Geral.

 

Vincando que "há aqui uma oportunidade e um novo ciclo de reinvenção", o responsável considerou que "não haverá quem, no país e no Montepio, esteja em melhores condições" do que o próprio para enfrentar desafios como os novos estatutos da associação e o plano de transição, mas reconheceu que "o novo ciclo é muito mais do que isso".

 

"É desejável termos uma equipa que o inicia e que o fecha e a minha dúvida é porque sei que nunca terei condições para cumprir com esse ciclo" devido à idade, acrescentou Tomás Correia.

 

A seu ver, "o ideal era ter alguém jovem que pudesse ter uma visão coincidente" com a sua, "alguém na casa dos 50, 50 e picos anos", uma "pessoa do Montepio" que não tem de fazer parte dos órgãos sociais, precisou.

 

"Uma das coisas que tentei nas últimas eleições [de 2016] foi desafiar pessoas a quem reconheço qualidade para poderem assumir esta responsabilidade", porém essas pessoas "concluíram que eu queria passar a 'batata quente' e eu acabei por concluir que tinha de continuar cá", explicou.

 

Hoje em dia "admito que possa haver alguém que já não olhe para as coisas como 'tu queres é passar-me a batata quente' e, portanto, só no limite é que eu digo que afinal não consigo ultrapassar o problema", adiantou Tomás Correia, numa entrevista de balanço do mandato.

 

Para 7 de Dezembro estão marcadas as eleições para escolher a nova administração da Associação Mutualista Montepio Geral dos próximos três anos.

 

Tomás Correia garantiu que nada o "impede de candidatar nem põe em causa uma candidatura", isto apesar de existirem "algumas vozes que levantam questões em torno disso", nomeadamente devido aos processos no Ministério Público e no Banco de Portugal que o envolvem.

 

Ainda assim, reconheceu que "essa discussão" sobre a lista ainda não está terminada. "Está muito adiantada, praticamente só faltam detalhes, nomeadamente o detalhe relativamente a mim próprio", notou.

 

Decidido está que a ex-ministra da Saúde e antiga candidata à Presidência da República Maria de Belém irá encabeçar a lista ao Conselho Geral, enquanto o padre Vítor Melícias será novamente o candidato à Mesa da Assembleia-Geral.

 

Manuela Ramalho Eanes, mulher do antigo Presidente da República Ramalho Eanes, será líder da Comissão de Honra, revelou, falando em "muitas figuras de relevo".

 

Já questionado se ficará na lista se não se recandidatar à presidência do Conselho de Administração, Tomás Correia rejeitou essa possibilidade, alegando não ter "o direito de participar em órgãos sociais que, de algum modo, condicionem quem vier a assumir esta responsabilidade".

 

O objectivo é, assim, encontrar um substituto até final de Outubro, quando termina o prazo das candidaturas.

 

"Isso dava-me uma tranquilidade que não imagina, porque entretanto tenho mais do que fazer", adiantou Tomás Correia, referindo o gosto pela escrita.

 

Às eleições de Dezembro deverão candidatar-se outras duas listas: uma liderada por Ribeiro Mendes, actual administrador da Associação Mutualista que já se afastou publicamente da gestão de Tomás Correia, e outra liderada pelo empresário António Godinho, que integra pessoas que no passado já concorreram contra Tomás Correia.

 

A oposição a Tomás Correia tentou, ao longo dos últimos meses, unir-se numa lista única, mas essa solução não vingou.

 

A Associação Mutualista Montepio Geral, com mais de 600 mil associados, é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa subsidiária a Caixa Económica Montepio Geral, que desenvolve o negócio bancário.

 

Antes de liderar a instituição, Tomás Correia foi presidente dos bancos espanhóis de Extremadura, Luso Español e o Simeón, tendo ainda sido administrador dos bancos Itaú, Franco-Portugaise, BNU, CGD e Montepio.

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