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Tomás Correia: Banco da economia social vai avançar. “Queiram ou não queiram”

O presidente do Montepio acusa o Banco de Portugal de ter feito uma "maldade", mas defende que o Montepio a soube aproveitar. Por isso, quis abrir o capital à economia social e a misericórdias e IPSS. Mas não mencionou a Santa Casa, que ainda não deu a sua resposta concreta.

Bruno Simão
26 de Fevereiro de 2018 às 18:51
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António Tomás Correia garante que o banco da economia social em Portugal, com o Montepio no centro, "vai avançar". "Queiram ou não queiram", afirmou o presidente da administração da Montepio Geral – Associação Mutualista.

Numa conferência sobre a importância de um banco da economia social, que teve lugar no ISCTE, em Lisboa, Tomás Correia disse por várias vezes que o projecto seguirá em frente, mesmo com vozes contra. "Queiram ou não, vai nascer. Porque ele já nasceu. E vai desenvolver-se porque tem futuro", afirmou.

"É um projecto que já nasceu, embora ainda não tenha saído da linha de partida. Vai nascer de forma ambiciosa e moderna, porque vai mobilizar muitas instituições da economia social", frisou o responsável do Montepio na conferência que se realizou esta segunda-feira, 26 de Fevereiro. A mutualista é dona de 100% do capital da Caixa Económica Montepio Geral, estando neste momento a negociar a venda de uma parcela minoritária do capital.

As palavras foram ditas quando se aguarda a concretização de um memorando de entendimento assinado com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para o investimento no capital da caixa económica. Contudo, esta entidade não foi referida na intervenção de Tomás Correia.

A constituição de um banco da economia social é algo que, para o líder do Montepio, "faz sentido". "Tudo aquilo que faz sentido, tudo aquilo que faz sentido cresce, tudo aquilo que faz sentido vai ao encontro daquilo que é necessário fazer", continuou Tomás Correia.

Maldade do Banco de Portugal

"O Montepio tem toda a determinação para pôr a sua plataforma bancária ao serviço deste projecto", frisou Tomás Correia sobre a caixa económica, que está em processo de mudança de estatutos e de liderança. José Félix Morgado está de saída, sendo que o objectivo da associação é substituí-lo por Nuno Mota Pinto.

De qualquer forma, Tomás Correia quis frisar que esta abertura de capital da caixa económica resulta de uma "maldade" do Banco de Portugal. "Entendemos que é chegado o momento de desafiar outros parceiros da economia social. Aproveitando uma oportunidade, que é uma maldade", disse.

"Quando os reguladores impõem que o Montepio seja transformado em sociedade anónima, isso é uma maldade", acusou, referindo-se à exigência do Banco de Portugal.

Ligação emocional

Para o presidente da associação mutualista, o que vai motivar a entrada de outros investidores é uma ligação "emocional" entre as entidades. Esse espírito alimentar-se-á, acrescentou António Tomás Correia, por um modelo de governo que passe pelo reforço da cooperação.

Dos exemplos que deu, na conferência, foi a constituição de um conselho estratégico, que vai juntar responsáveis do terceiro sector, e também uma assembleia de representantes, para a prestação de contas.

Aliás, Tomás Correia afirmou mesmo que rejeitaria a possível injecção de 100 milhões de euros na caixa económica por parte de uma entidade que não respondesse a esse espírito e a essa ligação emocional.

Ao lado de responsáveis de banca da economia social de França e do Canadá, Tomás Correia frisou que só Portugal não aproveitou essa possibilidade.

 

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