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Rui Vilar suspende funções como conselheiro do Banco de Portugal
Até sexta-feira passada, Rui Vilar aparecia no site do Banco de Portugal como membro do conselho consultivo. Contudo, o agora vice-presidente da CGD suspendeu funções antes de regressar ao banco público.
Ao contrário do que aconteceu quando presidia à REN, Rui Vilar decidiu, com a entrada na Caixa Geral de Depósitos, suspender a sua presença no conselho consultivo do Banco de Portugal.
Na sexta-feira passada, o nome de Rui Vilar, chamado para vice-presidente da administração do banco público, ainda constava da composição deste órgão de conselheiros do regulador da banca no site oficial. Contactado, o Banco de Portugal informou que era uma incorrecção.
Rui Vilar suspendeu funções do conselho consultivo a 2 de Agosto, indicou o regulador do sector bancário que é também supervisor e autoridade de resolução. Nessa altura, já se sabia – pelo menos 3 de Junho quando o Negócios o noticiou – que o antigo presidente da CGD tinha sido convidado para número dois do conselho de administração liderado por António Domingues no banco público.
A suspensão de funções no conselho consultivo do Banco de Portugal ocorreu, no entanto, antes de haver uma oficialização do nome. Depois de o Banco Central Europeu ter levantado objecções aos nomes propostos pelo Governo (oito dos 19 elementos indicados para a administração da CGD foram retirados para não embaterem no chumbo de Frankfurt), a nova equipa, que inclui Rui Vilar como vice-presidente não-executivo, assumiu funções a 31 de Agosto. A Caixa não quis responder ao Negócios sobre este tema.
Rui Vilar, ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, antigo "chairman" da Caixa e da Galp, tinha sido chamado para o conselho consultivo do regulador da banca em Setembro de 2014. Foi o mês que se seguiu à resolução do Banco Espírito Santo, tendo aí estado no período que viveu com a incerteza em toda a banca (até pelos empréstimos a suportar pelo Fundo de Resolução) e ainda a resolução do Banif.
Quando foi para o conselho consultivo, Rui Vilar manteve-se como presidente da administração e da comissão executiva da REN, de onde saiu no ano passado. De 1975 a 1985, o gestor foi vice-governador do Banco de Portugal, onde estava agora no referido conselho consultivo.
Este é um órgão que se pronuncia, ainda que sem poderes vinculativos, sobre o relatório da actividade do Banco de Portugal e também de assuntos específicos a ele dirigidos pela administração ou pelo governador.
O órgão é liderado pelo governador, Carlos Costa, pelos seus vices, Pedro Duarte Neves e Berberan Ramalho, contando com os antigos governadores, Vítor Constâncio, José Tavares Moreira, Miguel Beleza e António de Sousa, com o presidente do conselho de auditoria, João Costa Pinto, com a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, com os representantes das regiões autónomas, Rocha Amaral (Açores) e Rui Gonçalves (Madeira) e ainda com o presidente da associação da banca, Fernando Faria de Oliveira. Há ainda espaço para "quatro personalidades de reconhecida competência em matérias económico-financeiras e empresariais". É aqui que se incluía Rui Vilar e onde está, apenas, uma personalidade: José Morais Cabral.
O conselho consultivo terá, em breve de mudar devido à mudança que terá de ocorrer no conselho de administração. Os mandatos de Pedro Duarte Neves e José Berberan Ramalho terminaram em Setembro. O primeiro não pode ser reconduzido, enquanto o segundo ainda poderá sê-lo, se assim o entender e se para isso for convidado.