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Ricardo Salgado substitui primo na liderança da ES Irmãos

Mudança faz parte do processo de segregação da gestão da área financeira e não financeira.

Bruno Simão/Negócios
22 de Abril de 2014 às 23:30
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O presidente do Banco Espírito Santo acaba de assumir a liderança da Espírito Santo Irmãos, a "holding" da família onde está concentrada a posição de controlo no Espírito Santo Financial Group (ESFG) e, indirectamente, no BES. O banqueiro vai substituir o primo Manuel Fernando Espírito Santo, que até aqui liderava aquela sociedade.

A mudança de cadeiras, que afectou mais gestores da ES Irmãos, bem como outras sociedades do Grupo Espírito Santo (GES), faz parte do processo de segregação dos órgãos sociais das empresas das áreas financeira e não financeira do GES, imposto pelo Banco de Portugal, para isolar o BES da exposição aos riscos das empresas da família Espírito Santo. O supervisor exigiu que os responsáveis que desempenham funções de gestão na área financeira não possam estar nos órgãos de administração das empresas do braço não financeiro.

A separação de águas levará ainda Manuel Fernando a sair da administração do BES. Já o Ricardo Salgado e outros gestores do banco deixaram a Espírito Santo International.

Além de Salgado, a administração da ES Irmãos passou a integrar os membros do clã que têm responsabilidades no braço financeiro do GES, ocupando cargos na administração do BES. José Manuel Espírito Santo, José Maria Ricciardi, Ricardo Abecassis Espírito Santo e Pedro Mosqueira do Amaral foram designados para concluir o mandato em curso, que termina no final deste ano. Nomeações que implicaram o aumento do número de administradores da sociedade de três para cinco elementos

Outra mudança de peso na "holding" que em Janeiro adquiriu 39% do ESFG e passou a ter 49% do capital foi a nomeação de uma das grandes empresas de auditoria internacional para fiscal único. A KPMG, que há vários anos audita as contas do BES, passou a ficar responsável pela fiscalização das contas da ES Irmão, função que antes estava entregue a um revisor oficial de contas individual. A KPMG foi também uma das empresas que, a pedido do BdP, fez uma auditoria especial à Espírito Santo International, "holding" de topo do GES.

De saída da ES Irmãos , estiveram ainda Lourenço Saraiva Lobo e Luís Diegues dos Santos. Este último gestor, tal como Manuel Fernando Espírito Santo foram, por seu turno, nomeados respectivamente presidente e vogal da administração da Espírito Santo Industrial, sociedade da área não financeira do grupo. Os dois responsáveis foram substituir José Cardoso Castella e Jorge Amaral Penedo, que são administradores do ESFG e que, por esse motivo, abandonaram também as funções que tinham na administração da Espírito Santo Resources (Portugal) e da Gestres – Gestão Estratégica Espírito Santo.

Para a liderança desta última empresa foi nomeado Manuel Fernando Espírito Santo e Luís Diegues dos Santos. Já na ES Resources, os gestores que saíram não foram, para já, substituídos, o que sugere uma redução de membros do conselho. Esta sociedade é liderada por António Ricciardi, antigo presidente não executivo do BES, integrando ainda Manuel Fernando Espírito Santo e Saraiva Lobo.

 
Leque de medidas para isolar o BES do risco GES

Banco blindado contra dificuldades financeiras

A preocupação do BdP em isolar o BES da área não financeira do GES pretende evitar que o banco, os seus clientes e os accionistas sejam penalizados pelas dificuldades financeiras de várias empresas da família. A pressão para obter financiamento levou estas sociedades a emitir mais de 2.000 milhões de papel comercial vendido aos clientes do BES, parte já reembolsado.

 

ESFG assume riscos da área não financeira

No âmbito da auditoria pedida pelo BdP à Espírito Santo International, foram detectados riscos de incumprimento no reembolso de papel comercial emitido por empresas da área não financeira que foram vendidos a clientes do BES. Para garantir o reembolso dos títulos, o supervisor impôs a constituição de uma provisão de 700 milhões de euros. Desta forma, isolou-se o banco do risco da área não financeira, com a vantagem de não ser o BES a sofrer o impacto negativo da provisão.

 

BES passa a ser estrutura de topo para a supervisão

O corolário do processo de protecção do BES face ao risco da área não financeira do GES é o facto de o banco passar a ser a estrutura de todo do ponto de vista da supervisão. Este será o resultado do fim da posição de controlo do ESFG no banco, que tem sido garantida pela aliança formal entre a família Espírito Santo e o Crédit Agricole (através da Bespar). Enquanto a posição de controlo existiu, o ESFG teve de consolidar as contas do BES e ficar sujeito à supervisão. Ao deixar de fazer a consolidação, deixa de ficar na mira do BdP.

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