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Regulador suíço está a investigar Banque Privée Espírito Santo
A investigação vai examinar se "ocorreram violações da lei de supervisão" na venda de títulos e produtos financeiros pelo Banque Privée Espírito Santo. O supervisor helvético também vai examinar a actuação dos "donos do banco". A instituição financeira já manifestou "total disponibilidade" para colaborar com as autoridades suíças.
O regulador de mercado suíço está a investigar o banco de gestão de fortunas do Grupo Espírito Santo (GES) naquele país.
A abertura de um inquérito ao Banque Privée Espírito Santo (BPES) teve início no final de Agosto e foi anunciada esta terça-feira, 3 de Setembro, pela FINMA (Autorité fédérale de surveillance des marchés financiers).
"O foco da investigação é a distribuição de títulos e produtos financeiros do Grupo Espírito Santo", pode-se ler no comunicado do regulador, que sublinha que a instituição financeira está sob liquidação voluntária.
Este procedimento vai examinar se "ocorreram violações da lei de supervisão" na venda destes produtos pelo Banque Privée Espírito Santo.
"A influência dos donos do banco nos procedimentos na Suíça também vai ser examinada", declara o regulador helvético.
A Finma também sublinha que nomeou uma "entidade independente para clarificar as circunstâncias sob as quais ocorreram estes assuntos".
Em Julho, vários clientes das sucursais portuguesas do Banque Privée apresentaram queixas junto do regulador de mercado português (CMVM).
Estes clientes queixam-se de não terem recebido dinheiro investido em papel comercial da Espírito Santo International (ESI), entre outras empresas do GES, que lhes foram vendidas como aplicações sem risco.
A CMVM acabou por reencaminhar as reclamações para o regulador suíço Finma, pois o BPES está sedeado na cidade helvética de Lausana desde 1977.
Dias mais tarde, o banco divulgou que tinha reclamado formalmente junto do GES o reembolso das aplicações dos seus clientes.
Foi também durante o mês de Julho, que o banco liderado por José Manuel Espírito Santo vendeu parte do seu negócio ao banco suíço CBH - Compagnie Bancaire Helvétique. A operação teve lugar por imposição da Finma. Até então, o banco era controlado 100% pela Espírito Santo Financial Group, sedeada no Luxemburgo e que pediu a protecção de credores.
O Wall Street Journal também menciona o Banque Privée num artigo publicado a 13 de Agosto sobre a Eurofin, sociedade suíça de serviços financeiros, e que os reguladores portugueses que tenha tido um papel central na derrocada do Grupo Espírito Santo.
Segundo o WSJ, a Eurofin geriu uma série de fundos de investimento que foram vendidos a clientes do Banque Privée.
Ainda esta semana ficou-se a saber que o BPES informou os seus clientes que adquiriram dívida da Espírito Santo Internacional, que está disposto a oferecer 2% do valor investido na sua aquisição. Ou seja, com perdas de 98% sobre estes títulos.
Banque Privée disponível para colaborar na investigação
A instituição financeira já veio reagir à abertura da investigação e reiterou a sua "total disponibilidade" para colaborar com as autoridades suíças.
O BPES declara que aguarda agora "com serenidade" a investigação da Finma, que deverá decorrer até Janeiro de 2015, e que o inquérito "não tem um impacto directo sobre o processo de cessação de actividade e liquidação solvente que continua a decorrer".
"A gestão do BPES sempre se pautou de forma correcta e transparente, cumprindo as normas e preceitos legais, regulamentares e de conduta aplicáveis, à actividade bancária, tanto na Suíça como em Portugal", pode-se ler no comunicado do banco divulgado esta quarta-feira.
A instituição sublinha que "tomou e continuará a tomar todas as medidas que estão ao seu alcance, para salvaguardar os interesses dos seus clientes que têm exposição às empresas do Grupo Espírito Santo (GES)".
(Notícia actualizada às 15:37 com a reacção do Banque Privée Espírito Santo)