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Ramalho: Carteira de imóveis que Novo Banco herdou do BES era "má, velha e ilegal"

António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, foi hoje ouvido pelos deputados da comissão de Orçamento e Finanças. Na quarta-feira será a vez de o presidente do Fundo de Resolução ir ao Parlamento.

15 de Setembro de 2020 às 15:36
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António Ramalho, presidente do Novo Banco, afirma que a carteira de imóveis que o banco que lidera herdou do Banco Espírito Santo (BES), que desapareceu no verão de 2014, era "má, velha e ilegal".

"O banco tinha uma carteira que herdou [do BES] que era má, era velha e era ilegal", começou por dizer o CEO da instituição financeira que nasceu da resolução do Banco Espírito Santo (BES) aos deputados, numa audição agendada para esta terça-feira, 15 de setembro.

E explica: "era má porque só 14% dos ativos eram residenciais", era "velha porque 35% [dos imóveis] tinham mais de cinco anos" e "100 imóveis tinham mais de 20 anos". E era "ilegal porque os bancos são obrigados a vender ativos no prazo de dois anos".

Rui Rio, presidente do PSD, afirmou que o Novo Banco estaria a vender ativos ao "desbarato". Uma acusação que levou o primeiro-ministro a enviar uma carta à Procuradoria-Geral da República para analisar estas operações. A resposta chegou entretanto: o Ministério Público disse "não existir prova bastante" que sustente as acusações.

Na auditoria da Deloitte é referido que que as vendas efetuadas pelo banco "foram realizadas por valores inferiores (em alguns casos de forma significativa) face aos valores das últimas avaliações disponíveis".

A este respeito, diz a consultora, "verificámos que o Novo Banco não tinha implementado até 31 de dezembro de 2018 procedimentos documentados de ‘backtesting’ das avaliações efetuadas para este tipo de ativos, tendo em consideração as vendas efetuadas". Além disso, o banco "não tinha igualmente implementado procedimentos de análise e justificação formal das variações ocorridas nas avaliações obtidas".

Em entrevista à TSF, António Ramalho, CEO do Novo Banco, rejeitou a ideia de que houve um "grande desconto" nas vendas dos ativos, garantindo que foram vendidos ao "preço de mercado". "Toda a gente diz ‘foi vendida com um grande desconto’. Não! Foi vendido ao preço de mercado. Nós fazemos estas vendas porque somos obrigados a fazer estas vendas. A lei bancária não nos permite deter mais de dois anos os imóveis que não são afetos à exploração. Portanto temos que os vender", disse o gestor. 

Vendas a partes relacionadas? Gestão demitia-se
O contrato de venda do Novo Banco determina que o acionista Lone Star não pode fazer vendas a partes relacionadas. Ramalho garante que isto nunca aconteceu.

"Cumpro a lei com exigência enorme", disse o gestor aos deputados, depois de ter reiterado que conhece os beneficiários últimos nas vendas dos ativos. 

"Se houver alguma operação que fosse feita nessas condições, no dia seguinte pode-me chamar aqui na condição de ex-presidente porque não permitia que fossem realizadas operações nessas condições", afirmou o gestor aos deputados, respondendo às acusações de que as vendas foram feitas à pressa e com partes relacionadas

A audição de António Ramalho foi aprovada em julho, na comissão de Orçamento e Finanças, perante os requerimentos dos grupos parlamentares do PS, PAN e Iniciativa Liberal no seguimento das polémicas em torno das vendas de ativos do Novo Banco e eventuais novas injeções de capital por parte do Fundo de Resolução. 

A ida ao Parlamento também acontece depois de a Deloitte ter feito chegar ao Governo, no final de agosto, a auditoria aos atos de gestão do BES e do Novo Banco, num período que abrange 2000 a 2018. De acordo com as conclusões desta análise, as perdas registadas pelo banco liderado por António Ramalho tiveram sobretudo origem na atividade do BES. 

(Notícia atualizada com mais informação.)

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