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Perdas com dívida pública ditam prejuízo de 205,2 milhões na CGD

A desvalorização da dívida pública e a falta de ganhos com estes títulos foram a principal razão para a Caixa ter voltado a apresentar prejuízos no primeiro semestre do ano. O banco do Estado perdeu 205,2 milhões, penalizado ainda pelo aumento das imparidades para malparado.

Bruno Simão
10 de Agosto de 2016 às 18:37
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A Caixa Geral de Depósitos teve prejuízos de 205,2 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, uma degradação face aos lucros de 47 milhões apurados no final de Junho de 2015. Esta evolução reflecte, sobretudo, o facto de o banco do Estado ter registado perdas na sua carteira de dívida pública, ao contrário do que aconteceu há um ano, altura em que a CGD teve ganhos extraordinários de 302 milhões com as obrigações do Tesouro.

 

"Os resultados de operações financeiras foram negativos em 47,4 milhões de euros, influenciados pela elevada volatilidade sentida nos mercados financeiros internacionais, incluindo a dívida pública, associada ao referendo do Reino Unido sobre a permanência na União Europeia", justifica o banco liderado por José de Matos, em comunicado divulgado esta quarta-feira, 10 de Agosto, no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Em causa está, sobretudo, o aumento dos custos com a cobertura do risco de taxa de juro da carteira de dívida pública. Este encargo aumenta sempre que o spread das obrigações do Tesouro português face à dívida alemã cresce, como aconteceu nos primeiros seis meses do ano. Um efeito que evoluiu de forma contrária no primeiro semestre do ano passado.

 

O contributo negativo das operações financeiras foi a principal razão para a queda do produto bancário, que recuou 34,6%, para 754,66 milhões. No entanto, também as comissões líquidas recuaram – 7,1%, para 230 milhões –, o que, no conjunto anulou o efeito positivo decorrente da subida da margem financeira. Os resultados da intermediação aumentaram 5,5%, totalizando 568,7 milhões, apesar dos custos com a remuneração dos instrumentos de capital contingente ("CoCos") subscritos pelo Estado.

 

Outro dos factores que pesou negativamente na evolução dos resultados da Caixa foi o crescimento das imparidades, desempenho que contrariou a tendência dos últimos trimestres. No primeiro semestre, a CGD fez um esforço de provisionamento de 328,4 milhões, mais 2,1% do que no final de Junho de 2015. Esta subida deveu-se apenas às imparidades para crédito – mais 28,3%, para 302,5 milhões –, já que as provisões para outros activos recuaram 70%, para 25,9 milhões.

 

A queda dos proveitos – que reflectiu ainda o facto de a contribuição para o Fundo de Resolução ter sido paga no primeiro semestre, quando em 2015 foi feita em Dezembro – mais do que anulou o desempenho positivo dos custos operacionais, que recuaram 2%, para 639,27 milhões, "beneficiando da contenção sentida em todas as suas componentes, designadamente nos gastos administrativos (-3,1%) e nas amortizações (-7,6%). Os custos com pessoal registaram uma ligeira diminuição de 0,7% não obstante o reforço de provisionamento verificado no primeiro semestre no âmbito do programa do Plano Horizonte", adiantou o banco em comunicado. Recorde-se que o Plano Horizonte foi lançado no ano passado e destina-se a promover a reforma de quadros da CGD.


(Notícia actualizada às 19:33 com informação detalhada sobre a origem das perdas com dívida pública)
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