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Parlamento quer que escolas tenham disciplinas de literacia financeira

Mais uma das medidas criadas na sequência do inquérito ao BES foi publicada. São recomendações sobre a literacia financeira para concretizar no curto prazo, tendo em conta os grupos mais vulneráveis, como pensionistas.

Bruno Simão/Negócios
03 de Julho de 2015 às 15:34
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O caso Banco Espírito Santo levou os deputados a pedirem ao Governo que inclua, obrigatoriamente, disciplinas ou vertentes de educação e literacia financeira nas escolas. 

 

"A inclusão obrigatória nos currículos escolares de disciplinas ou vertentes de educação e literacia financeira, ajustadas aos diversos escalões etários" é um dos pontos da Resolução da Assembleia da República n.º 75/2015, publicada em Diário da República esta sexta-feira, 3 de Julho.

 

O objectivo do diploma, da autoria do PSD e do CDS, é o de promover a implementação de "medidas urgentes que conduzam ao aumento da literacia financeira no curto prazo". Foi uma das iniciativas legislativas feitas pelos partidos na sequência da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES que conseguiu aprovação parlamentar.

 

Outra das recomendações deixadas pela Assembleia da República ao Executivo de Passos Coelho nesta Resolução é a defesa, "a nível europeu", de uma maior coordenação e atenção à literacia financeira. O diploma centra-se no Plano Nacional de Formação Financeira, uma iniciativa coordenada pelos reguladores Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, Banco de Portugal e Autoridade Supervisora de Seguros e de Fundos de Pensões, que no seu seio tem já aspectos ligados à educação como programas de formação de professores.

 

Aquilo que a Resolução propõe é uma "reanálise da abrangência e implementação" deste plano, que tenha em conta os supervisores mas em que outras entidades ligadas ao sistema financeiro também possam dar contributos.

 

O diploma, que contou com aprovação do PSD, CDS e PS e com a abstenção dos restantes partidos, defende que se tem de reforçar os "objectivos claros de curto prazo" do plano para actuar "junto dos grupos mais vulneráveis, designadamente pensionistas e reformados".

 

No caso BES, houve a subscrição de vários produtos vendidos pelo banco, como o caso do papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo, relativamente aos quais muitos compradores vieram defender que não tinham noção do que estes eram na realidade. Também se deu a subscrição de acções do próprio banco no aumento de capital que decorreu pouco menos de dois meses antes da sua derrocada: a operação foi considerada um sucesso, apesar dos inúmeros riscos que estavam inscritos no prospecto do aumento de capital.

Na sequência da comissão de inquérito, houve legislação que já saiu do Parlamento, como impedimentos mais restritos na comercialização de produtos de risco, embora haja novas regras que ainda estejam a ser estudadas, em que é exemplo a nova legislação em torno da auditoria. 

A legislação que já saiu do Parlamento no pós BES

Houve propostas dos partidos, na sequência do BES, que já ficaram para trás, como as sugeridas pelo PCP. Outras aguardam opiniões externas. Mas já há diplomas que foram oficializados e publicados em Diário da República. 

 

Comercialização de produtos de risco
A Assembleia da República recomendou ao Governo que os gestores de conta dos bancos não possam vender produtos financeiros com risco mais elevado do que o assumido pelo cliente. "O local de comercialização destes instrumentos financeiros deve ser distinto do local habitual de atendimento ao cliente", indica também a Resolução da AR n.º 68/2015, da autoria do PSD e do CDS. Toda a emissão de papel comercial também tem de ser autorizada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

 

Grupo para gestão de litígios na banca
O Parlamento recomenda uma estratégia nacional para promover a estabilidade financeira na Resolução n.º 67/2015. Pede, conforme avança o projecto de mãos do PS, um trabalho a nível europeu para que se torne possível analisar as operações feitas em "jurisdições não cooperantes". Além disso, é sugerida a criação de um grupo de trabalho que crie mecanismos para resolver litígios advindos de situações de crise vividas por instituições financeiras. 

 

Mais transparência de paraísos fiscais
A Resolução n.º 69/2015, com origem numa proposta da maioria, pede uma "postura interventiva" junto de entidades supranacionais, "com especial enfoque as Nações Unidas", para que se promova uma maior transparência dos paraísos fiscais, conhecidos como offshores. Um dos objectivos é o de que se consiga saber quem está por detrás de cada uma das empresas. 

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