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Nuno Amado: BES "foi uma enorme injustiça para BCP"
O BCP foi prejudicado antes da resolução do BES, na resolução e sofreu com o impacto daquela decisão, afirmou Nuno Amado esta segunda-feira.
"Foi uma enorme injustiça para com o BCP". Esta é uma das conclusões que o presidente executivo da instituição financeira retira de toda a situação em torno do Banco Espírito Santo e da constituição do Novo Banco. Segundo Nuno Amado, o banco foi "triplamente afectado" pelo concorrente.
"Fomos afectados antes da resolução por práticas e, vimos agora, situações que não eram normais. Afectados por um concorrente muito forte, em condições difíceis de combater na altura", respondeu Nuno Amado quando questionado sobre as lições a retirar da queda do BES, na conferência de imprensa desta segunda-feira, 13 de Novembro, em que foram apresentados lucros de 133,3 milhões de euros.
Além disso, o banqueiro sublinha o impacto causado pela resolução do BES, "que implicou uma factura demasiado grande para o sector". O Fundo de Resolução capitalizou o Novo Banco com 4,9 mil milhões de euros, 3,9 mil milhões dos quais com dinheiro público, que depois tem de ser reembolsado por aquele fundo, que é financiado pelas instituições de crédito.
"Fomos afectados durante muito tempo pelo efeito reputacional que a solução do Banco de Portugal implicou", acrescentou ainda Nuno Amado. Por esse motivo, a base de comparação do BCP com os seus concorrentes europeus não foi "a mais justa".
"Foi triplamente custoso todo este processo", concluiu o presidente executivo.
O Novo Banco foi vendido por zero euros aos americanos da Lone Star, com o Fundo de Resolução a assumir um mecanismo de capitalização contingente de 3,9 mil milhões de euros, em que os bancos poderão ter de enfrentar novos encargos, caso o valor de um conjunto de activos desça de tal forma que afecte a solidez do Novo Banco.
Processo contra Fundo de Resolução foi "bem feito"
O BCP interpôs um processo judicial contra este mecanismo, que continua a correr nos tribunais. "Fizemos bem feito", avançou Nuno Amado, dizendo que a decisão de ir para tribunal foi tomada permitindo a venda do concorrente.
"Não impedimos que quem tomasse decisões as tivesse tomado, e não perdemos direitos que julgamos ter", disse. A acção judicial foi uma protecção encontrada pelo BCP para impedir eventuais processos de investidores que participaram no aumento de capital do BCP de Janeiro, onde não haveria o alerta de custos adicionais com a venda do Novo Banco.