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Moody’s sobe rating da banca grega

A agência de notação financeira elevou em um nível a classificação da dívida sénior de longo prazo dos bancos gregos. A decisão, sublinhou, reflecte a conclusão bem sucedida do processo de recapitalização daquelas instituições financeiras.

Reuters
19 de Fevereiro de 2016 às 22:44
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A Moody’s Investors Service anunciou esta sexta-feira, 19 de Fevereiro, a subida do rating da dívida sénior de longo prazo dos quatro maiores bancos gregos, o Alpha Bank, o Eurobank Ergasias, o National Bank of Greece e o Piraeus Bank.

A agência decidiu elevar em um nível a classificação destes quatro bancos helénicos, de C (que era o último nível da categoria especulativa, o chamado "lixo") para Ca.


Quando a notação está em C significa que o instrumento de dívida ou a entidade (ou país) está em "default" – ou seja, não consegue fazer o pagamento integral das obrigações nas suas maturidades ou está perante uma elevada probabilidade de esse incumprimento acontecer na totalidade.


Ao passar para o nível seguinte, o Ca (que é o 10º nível de "junk"), isso significa que a dívida destes bancos continua a ser considerada "altamente especulativa" e que está muito perto de entrar em situação de incumprimento (pelo menos parcialmente) - mas existe ainda alguma perspectiva de recuperação do investimento ou dos juros.


Além da subida do rating da dívida de longo prazo daquelas quatro instituições financeiras gregas, a Moody’s reiterou a classificação de Caa3 [9º nível de "lixo", em que é ainda grande o risco de incumprimento e em que a capacidade de reembolso da dívida depende de condições favoráveis e sustentáveis] atribuída ao rating dos depósitos de longo prazo desses mesmos bancos e de um outro, o Attica Bank. Já a avaliação do crédito "baseline" (ver caixa) destas cinco entidades foi melhorada de Ca para Caa3.


A justificar estas decisões, a Moody’s aponta, no seu relatório, "a conclusão bem sucedida do processo de recapitalização de todos estes bancos, o que reforçou os seus rácios de capital".


Além disso, reflecte também "a nossa expectativa de melhorias modestas ou graduais em matéria de financiamento", salienta Nondas Nicolaides, do departamento de crédito da Moody’s.


Quanto à perspectiva ("outlook") para estes cinco bancos, a agência de notação financeira considera que é "estável".

Recorde-se que em Agosto passado o Governo grego acordou com os credores europeus a implementação de um terceiro programa de resgate que poderá ascender a 86 mil milhões de euros – o FMI, para participar neste programa de assistência financeira, tem insistido que Atenas precisa de reformar o seu sistema de pensões e que os restantes Estados-membros da UE devem ajudar a aliviar o serviço da dívida pública helénica.

 

Entretanto, a banca helénica tem revelado uma melhor saúde em termos de liquidez, com o Banco Central Europeu a ter já reduzido várias vezes o limite da linha de assistência de emergência (ELA, na sigla em inglês).

 

No passado mês de Janeiro reduziu essa provisão de liquidez em 200 milhões de euros, para 71,8 mil milhões de euros e a 4 de Fevereiro voltou a diminuir essa linha, desta vez em 300 milhões, para os actuais 71,5 mil milhões de euros. 

 

Tome Nota Os indicadores da banca As agências têm vindo a afinar as suas medidas de risco, muito especialmente depois das fortes críticas de que foram alvo devido à crise financeira – que posteriormente se tornou também numa crise económica – que teve início em 2007.

Se bem que a notação da dívida de longo prazo seja uma das medidas de risco a que os mercados prestam maior atenção, saliente-se que as agências de rating analisam e avaliam também sectores de actividade e vários outros segmentos e entidades, como fundos do mercado de capitais, companhias de seguros ou acções preferenciais. E cada uma destas avaliações tem a sua própria escala de símbolos, com correspondência à escala de base.

Na banca, por exemplo, existem avaliações muito específicas. Uma agência de rating, além de avaliar a dívida de um banco (a sénior, a garantida, de curto ou de longo prazo, por exemplo) ou uma emissão específica, pode ainda avaliar o rating individual do próprio banco.

Ao contrário dos ratings tradicionais de obrigações ou depósitos (em moeda local ou estrangeira), estes ratings individuais são atribuídos a bancos e não a emissões de dívida específicas. Tratam-se, assim, de pareceres sobre o risco de crédito autónomo de uma entidade bancária.

Este rating individual, que mede então a solidez financeira intrínseca de um banco, é expresso sob diferentes formas por parte das três principais agências de notação financeira. A S&P chama-lhe perfil de crédito individual (Stand-Alone Credit Profile, SACP), ao passo que a Moody’s lhe dá o nome de Bank Financial Strength Rating (BFSR – que também avalia a probabilidade de um banco ter de recorrer a apoio externo para sobreviver). Já a Fitch denomina este indicador de Bank Individual Rating (avaliação da solidez intrínseca no caso de o banco não conseguir depender de formas de apoio externo).

Sublinhe-se que a Fitch incorporou este rating individual no rating de viabilidade, uma medida de risco para as instituições financeiras introduzida pela agência a 20 de Julho de 2011, que tem como objectivo avaliar as pressões sobre a liquidez e financiamento dos bancos.

O Stand-Alone Credit Profile da S&P, que avalia a solidez financeira do banco, reflecte a perspectiva da agência em relação à solidez fundamental do banco, a que chama de Bank Fundamental Strength Rating (BFSR - acrónimo igualmente usado pela Moody’s, mas com um diferente significado para a letra F).

A Moody’s recorre também ao chamado Baseline Credit Assessment (BCA), que representa o equivalente ao BFSR na escala tradicional dos ratings de longo prazo. Exemplo: a Moody’s atribui um BFSR de B+ ao Rabobank, o que se traduz num BCA de Aa2.

Por seu lado, a Standard & Poor’s procede também à avaliação da capacidade de sobrevivência dos bancos. Trata-se de um parecer sobre a probabilidade de um banco permanecer em actividade no médio prazo – quer seja directamente ou através de uma organização sucessora – independentemente de estar solvente ou insolvente ou de honrar a tempo os seus pagamentos. Esta opinião sobre a capacidade de sobrevivência de um banco está estreitamente associada ao rating que é dado à dívida do emitente, sendo geralmente igual ou superior a esse rating. Quando a avaliação diz que a capacidade de sobrevivência do banco é relativamente baixa, a agência não quer com isso opinar que esse banco poderá ir à falência. Em vez disso, indica que há uma vulnerabilidade a circunstâncias adversas, que poderá afectar a capacidade do banco de cumprir atempadamente os seus compromissos financeiros.

Entre outras medidas de risco, temos também o caso da dívida garantida. Quando uma agência de rating atribui uma notação à dívida garantida de um banco, está a classificar apenas as emissões de dívida desse banco que têm garantia estatal.

Por outro lado, a Fitch tem ainda os indicadores de Support Rating e de Support Rating Floor. O primeiro é uma medida que avalia a capacidade de obtenção de financiamento externo (junto de grandes investidores institucionais, por exemplo) por parte do banco no caso de dificuldades financeiras. O segundo avalia a probabilidade de haver apoio por parte do governo.


(notícia actualizada às 23:47)

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