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Ministério Público coloca auditoria aos actos de gestão da CGD sob segredo de justiça
A auditoria feita pela EY aos últimos anos de vida da Caixa Geral de Depósitos foi remetida ao sigilo. A administração não a divulgou, o Parlamento não a recebeu, o Governo diz não a querer receber e a PGR colocou-a em segredo de justiça.
O Ministério Público recebeu a auditoria aos actos de gestão da Caixa Geral de Depósitos e colocou-a já sob segredo de justiça, ao integrá-la no inquérito judicial que investiga suspeitas de gestão danosa no banco público.
"Confirma-se a recepção do relatório relativo à Caixa Geral de Depósitos, o qual foi junto a um inquérito já existente a correr termos no Departamento Central de Investigação e Acção Penal", responde o gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República esta sexta-feira, 6 de Julho.
Em causa está a auditoria a cargo da EY, que foi promovida por determinação do Ministério das Finanças e que visava os actos de gestão da Caixa entre 2000 e 2015. O documento debruçava-se sobre "três áreas principais de análise: concessão de créditos, aquisição e alienação de activos e decisões estratégicas e negócio", segundo informou Ricardo Mourinho Félix, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, quando anunciou a auditoria.
O banco presidido por Paulo Macedo não tornou público o documento nem as conclusões daí retiradas, tendo inclusive, como noticiou a Lusa, rejeitado a entrega do mesmo ao Parlamento. O Governo, pese embora tenha pedido a sua realização, disse não querer conhecer os resultados.
A auditoria foi entregue, sim, à PGR e o Jornal Económico escreve na edição desta sexta-feira que foi o próprio Ministério Público a solicitar a sua entrega.
O documento foi integrado no inquérito que corre no DCIAP, iniciado em Setembro de 2016, e que se encontra em segredo de justiça, confirma a PGR ao Negócios.
O Ministério Público, no DCIAP, acredita numa "intencional prática de favorecimento de determinados agentes económicos em detrimento de outros". Além disso, também aponta para indícios de uma alegada omissão "deliberada" de indícios de incumprimento em determinados créditos.
O processo visa suspeitas de factos passíveis de configurar "crimes de administração danosa", "crimes cometidos no exercício de funções públicas" e ainda outros "crimes de natureza patrimonial".
A PGR não confirmou se já há arguidos constituídos neste inquérito, mas no último balanço feito ainda não havia.