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Miguel Maya: Moratórias são escudo de proteção contra bomba da covid

O presidente do BCP, Miguel Maya, disse na TVI24 que as moratórias são um escudo de proteção e que vai tentar encontrar soluções cliente a clientes quando estas terminarem.

#11 - Miguel Maya
03 de Março de 2021 às 22:32
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As moratórias "são um escudo de proteção contra a bomba que é a covid-19", declarou esta noite o presidente do BCP em entrevista à TVI24 e ao Eco.

 

Segundo Miguel Maya, tem sido criada a ideia errada de que as moratórias são "uma bomba relógio", algo que o deixa "estarrecido". São, sim, um escudo de proteção contra a bomba que é a covid, que é a pandemia, referiu.

"O que temos para proteger a economia da pandemia são dois escudos: as moratórias e os apoios do Estado", sublinhou.

"O erro que não podemos cometer é retirar a máscara enquanto a bomba química ainda está ativa. Só podemos retirar os apoios à economia quando a economia voltar a alguma normalidade, o que ainda não acontece". Se assim não for, "estamos a destruir capacidade produtiva e a atrasar o próprio processo de retoma", defendeu.

Em Portugal, o peso das moratórias é 20% do PIB "porque temos de garantir que permanece liquidez na economia. É este o ponto principal". "E das duas uma: ou pomos liquidez adicional, e aí é o Estado que tem de pôr liquidez adicional, ou evitamos que saia liquidez. Ora, de um lado está o Estado a conceder apoios e do outro está a banca, que tem tido um comportamento absolutamente exemplar nesta crise, a não descapitalizar as empresas e a permitir que as empresas permaneçam com esses fundos e tenham menores necessidades de financiamento".

Sobre a questão de saída do processo das moratórias, Miguel Maya considera que isso não é o mais importante agora. "Devemos é estar todos focados em como resolver o problema da pandemia para podermos relançar a economia".

"Eu defendo muito as moratórias enquanto a pandemia não estiver resolvida, sempre com um ponto que quero salientar: as moratórias têm de ter enquadramento regulatório ao nível do espaço onde os bancos hoje trabalham, que não é o mercado doméstico, é o mercado europeu. Por que se nós fizermos prolongamentos de moratórias que não tenham enquadramento regulamentar europeu, o que estamos a fazer é resolver os problemas hoje e criar um problema enorme nas empresas, porque vão ficar marcadas, estigmatizadas, e vamos importar um problema para o setor financeiro".

Por isso", defendo as moratórias até ao limite em que tenham enquadramento regulatório", sublinhou. "Acho muito importante que se aproveite, e nomeadamente com a presidência portuguesa [da UE], para sensibilizar as autoridades europeias para a importância de não retirar os apoios antes disso".

"Temos de preparar a economia para uma situação em que a pandemia se vai começar a dissipar a partir do final primeiro semestre. Mas não fica tudo resolvido", frisou.

Sobre se o Estado deveria ter dado mais apoios - algo que a banca preferiria sempre -, o presidente do BCP sublinhou que quem tem de tomar decisões políticas tem de ter em conta múltiplos fatores. Chamou a atenção, por exemplo, para o facto de a dívida pública em Portugal, em percentagem do PIB, "em patamares insustentáveis". "Só não é um drama - e aí, sim, a tal bomba - porque temos os juros em níveis historicamente baixos. Por isso, é preciso ter um cuidado enorme para que a dívida não passe para patamares que a seguir haja uma degradação do rating da República e que Portugal repita aquilo que aconteceu no passado".

"Esse trade-off é muito dfícil. A Alemanha tem quase 40% dos apoios do Estado, Itália tem 40% dos apoios do Estado, França tem quase 25% dos apoios do Estado, e portanto, obviamente, têm muito menos moratórias. Nós temos 11,2% ou 11,3%".

 

O banqueiro disse preferir que nunca tivessem sido criadas moratórias privadas em Portugal, e sim apenas moratórias públicas.

"A minha convicção é que as moratórias privadas vão desaparecer", afirmou Miguel Maya, acrescentando que isso o preocupa mais enquanto português do que enquanto gestor bancário. E afiançou que "o Millenium bcp vai tentar encontrar soluções cliente a cliente".

(notícia atualizada às 23:21)

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