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Merkel espera que "problemas temporários" no Deutsche Bank sejam resolvidos

A chanceler alemã fez uma curta declaração sobre o maior banco alemão, que continua em queda na bolsa e a assustar os investidores.

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A chanceler alemã falou esta terça-feira, 27 de Setembro, pela primeira vez sobre a renovada turbulência que está a afectar o Deutsche Bank. A declaração foi curta, com Merkel a pretender passar uma mensagem de tranquilidade sobre o maior banco alemão.  

"Quero apenas dizer que o Deutsche Bank é uma peça fundamental do sistema bancário e financeiro da Alemanha. E claro que esperamos que todas as empresas, mesmo que passem por problemas temporários, possam caminhar na direcção certa. Não vou comentar mais do que isto."

Depois de ontem terem arrastado todo o sector financeiro nas bolsas, as acções do Deutsche Bank renovaram mínimos históricos esta terça-feira.

O receio dos investidores com o Deutsche Bank ressurgiu após a Focus ter noticiado este fim-de-semana que, com as eleições à porta, Merkel não iria interceder pelo maior banco alemão junto de Washington e que o Estado não colocaria dinheiro no Deutsche Bank. Isto depois de ter sido anunciado que o banco poderia enfrentar uma multa de 14 mil milhões de dólares por parte do Departamento de Justiça dos EUA.

Após a notícia da Focus, Steffen Seibert, porta-voz do Governo alemão, disse, citado pela Bloomberg, que "não existem razões para tal especulação".

Também Hans Michelbach, deputado de um partido da coligação governamental, referiu que seria "inimaginável" uma ajuda estatal ao banco. E acrescentou que "não se podia comparar o Deutsche Bank ao Lehman Brothers".

Já do lado do banco, a reacção  foi a de que  "actualmente, a questão de um aumento de capital não está na agenda" e que em nenhuma altura o seu presidente executivo, John Cryan, pediu a Angela Merkel para interceder junto das autoridades americanas.

No entanto, apesar das garantias de Berlim, a situação do Deutsche Bank faz parte das análises de agências de "rating" ao estado alemão. Na passada sexta-feira, a Fitch referiu que eventuais ajudas à banca poderiam levar a uma pressão na notação. Apesar de não antever para já problemas nesse sentido, alertou para os desafios enfrentados pelo Deutsche Bank em relação aos custos para encerrar disputas legais.

Almofada insuficiente para multas pesadas

Tanto o Governo como o banco têm tentado controlar os danos. Mas no mercado reina a desconfiança , que se poderá prolongar enquanto não houver uma clarificação de qual a factura que o banco irá enfrentar. E isso reflectiu-se na descida de 7,54% das acções esta segunda-feira.

Desde 15 de Setembro, altura em que foi divulgado o valor pedido pelas autoridades americanas para fechar a investigação sobre a venda fraudulenta de títulos assentes em crédito imobiliário, os títulos perdem cerca de 20%, elevando a descida em 2016 para mais de 50%. Este ano o banco já perdeu 15 mil milhões de euros em valor de mercado.

Apesar de todas as garantias, os analistas não acreditam que o banco tenha meios para pagar uma multa de 14 mil milhões de dólares (12,4 mil milhões de euros). No final de Junho, o Deutsche Bank detinha uma reserva destinada a custos de litigância de 5,54 mil milhões de euros. O valor é menos de metade da multa que os EUA querem aplicar.

No entanto, num comunicado, o banco referiu que "não tem intenção em entrar em acordo em relação aos potenciais processos cíveis perto daqueles valores". Acrescentou que estava apenas na fase inicial das negociações e que esperava que essas "levassem a um desfecho similar ao de outros bancos".

Os analistas do Kepler Chevreux referiram, numa nota citada pela Bloomberg, que com base nas multas aplicadas a outros bancos a multa poderia rondar os 5,5 mil milhões de euros, um montante muito perto do limite que o mercado estima que o banco consiga aguentar.

Os analistas da CreditSights consideram que o "Deutsche Bank conseguiria absorver um acordo em torno de cinco mil milhões de dólares sem afectar de forma demasiado grave os rácios de capital".  Mas alertam que "há outros casos pendentes e que as questões sobre a adequação de capital irão provavelmente persistir".  Também os analistas do Société Générale referiram numa nota a investidores, citada pela Bloomberg, que qualquer multa acima de 5,4 mil milhões de euros, poderia levar a um aumento de capital. 

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