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João Salgueiro: “Venda do Novo Banco deveria ter sido suspensa e relançada”

O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos considera que a venda do Novo Banco foi "estranha por não corresponder às regras do concurso quando foi lançado".

08 de Abril de 2019 às 09:08
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João Salgueiro, ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), considera que a venda do Novo Banco foi "estranha" por não ter cumprido as regras definidas inicialmente. Como tal, para o também ex-vice-governador do Banco de Portugal, este processo deveria ter sido "suspenso" e a venda "relançada". 

"A venda do Novo Banco da forma como correu é difícil de explicar. Primeiro realizou-se um concurso que não chegou ao fim, e apareceu apenas um concorrente (...) Em segundo lugar, o concurso não previa que o Estado concedesse ajudas ao comprador, mas o Governo acabou por o fazer, com 3,9 mil milhões de garantias ao Lone Star", afirma João Salgueiro numa entrevista ao Público

Para o ex-presidente do banco estatal, a "venda foi estranha por não corresponder às regras do concurso quando foi lançado. E isto não é aceitável", defendendo que o "concurso deveria ter sido suspenso e relançado". 

"As regras do Banco de Portugal diziam que o concurso podia ser suspenso em qualquer altura, desde que fosse para melhorar o seu resultado final. E quando, em abril de 2017 foi anunciado que o Lone Star tinha sido selecionado para ficar com o Novo Banco, disse-se que o comprador teria assegurado um mecanismo em que o Estado cobriria os prejuízos até 3,9 mil milhões. Tornou-se então flagrante que garantias tão avultadas configurariam uma venda em situação distinta dos objetivos estabelecidos inicialmente", refere. 

O ex-vice-governador do regulador, relembra que "havia uma clarificação de que o Novo Banco seria vendido à entidade que exigisse o menor montante de garantias, reduzindo assim os custos para os contribuintes. E se outra entidade que não o Lone Star saísse vencedora, o Lone Star poderia sempre cobrir a jogada. Não era difícil. Pelo contrário [Governo e Banco de Portugal), até formalizaram mais cedo a venda" do banco ao fundo norte-americano. 

Na entrevista, João Salgueiro abordou ainda outras questões, nomeadamente os créditos concedidos pelo banco estatal, criticando a interferência dos governos em algumas decisões. "Não podemos esquecer o envolvimento da CGD no assalto ao BCP, investindo e dando créditos em larga escala a clientes acionistas [do BCP] para reforçarem posições. E correu mal. Mas teremos de averiguar se a decisão foi da própria CGD", refere, notando que "quando começou a haver sintomas de intervenção governamental nas decisões de crédito da CGD, pedi para sair. E saí". 
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