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Imobiliário absorveu a maior fatia do crédito mal distribuído entre 2008 e 2016

Um estudo encomendado pelo Banco de Portugal revela que quem se queixa são as empresas mais produtivas, que veem a alocação de crédito dificultada por más decisões das entidades bancárias.

Stringer/Reuters
10 de Abril de 2019 às 18:57
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Uma grande parte do crédito em dívida concedido por bancos residentes em Portugal a empresas não financeiras é atribuída a categorias de empresas com baixa produtividade. Construção e imobiliário levam a maior fatia, mas não são as únicas. As conclusões são de um estudo encomendado pelo Banco de Portugal (BdP), apresentado esta quarta-feira, 10 de abril, na Universidade Portucalense, no Porto.

 

"Encontrámos evidências de má alocação", dizem os autores, Nuno Azevedo e Márcio Mateus (do BdP) e Álvaro Pina (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico – OCDE), que, em resposta ao pedido do banco central, que queria "perceber como a alocação de crédito tinha variado conforme a produtividade das empresas", publicaram o paper "Alocação e produtividade do crédito bancário: factos estilizados para Portugal".

 

O estudo analisou a alocação de crédito por oito grupos bancários a mais de 700 mil empresas, de 64 setores económicos, durante o período 2008-2016, e concluiu que "existe uma grande parte do crédito em dívida concedido por bancos residentes a empresas não financeiras que é atribuído a categorias de empresas com baixa produtividade medida ou inferida".

 

Isto leva a que haja uma "redistribuição mais lenta de crédito para empresas mais produtivas". A capacidade de resposta dos bancos, conclui o estudo, revelou-se "muito menor em setores com crédito relativamente mais mal alocado e quando os bancos têm uma alta participação desse tipo de crédito nas suas carteiras".

 

Os sectores que mais beneficiaram com a alocação de crédito foram a construção e o imobiliário. As duas áreas mais afectadas durante a última crise, classificadas como não produtivas, impulsionaram a subida do crédito nos primeiros anos de recessão.

 

O pico de 44% foi atingido em 2013. A partir daí, "com a recuperação da atividade económica e a crescente atribuição de novos empréstimos para empresas de menor risco e longe de empresas de maior risco", a tendência baixou para um nível abaixo dos 40% até 2016.

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