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Herança do inquérito à CGD pode ir além do relatório
O deputado relator Carlos Pereira entrega esta segunda-feira o relatório preliminar da primeira comissão de inquérito à Caixa. Do documento não constarão as conclusões judiciais, por ocorrer, sobre os documentos confidenciais do banco. Nem a auditoria que está em curso.
Neste momento, são vários os processos e recursos que estão a correr em tribunal, em que um dos visados é a própria comissão de inquérito, devido à acção que o Tribunal da Relação de Lisboa desencadeou ao decretar o levantamento do dever de segredo sobre documentos relativos à CGD, incluindo a listagem dos seus maiores créditos.
Os partidos de direita estão, aliás, preocupados sobre os efeitos futuros desses processos, em parte para saber o que lhes acontece com o fim da comissão de inquérito, marcado para dia 18, quando houver a votação do relatório final. "Vêm os deputados do grupo parlamentar do PSD […] requerer a V. Exa. se digne questionar o Tribunal da Relação de Lisboa relativamente ao ponto de situação de cada processo e ao prazo previsível para prolação de decisão definitiva, bem como saber se, extinta a actual comissão parlamentar de inquérito, se verifica a extinção automática dos referidos processos", indica o requerimento apresentado na semana passada, juntamente com o CDS.
De qualquer forma, as decisões judiciais relativas ao pedido de levantamento do dever de segredo sobre documentos confidenciais da Caixa poderão ter influência noutras iniciativas parlamentares do género.
A comissão de inquérito à CGD termina, estando ainda em curso a auditoria a actos de gestão no banco público a cargo da EY. Neste campo, a determinação partiu do Governo, que também teve em conta o pedido de auditoria feito, em Julho do ano passado, pelo Bloco de Esquerda.
Iniciado a 5 de Julho de 2016, o inquérito parlamentar tem data de encerramento agendada para dia 18. O relator da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos, o deputado socialista Carlos Pereira, irá entregar esta segunda-feira o documento preliminar. Em Setembro do ano passado, após três audições, o deputado já tinha tirado duas conclusões sobre a capitalização da CGD, como escreveu em texto de opinião no Jornal Económico: a injecção de 1,65 mil milhões feita em 2012, no Governo do PSD/CDS, deveria ter sido mais significativa; valia a pena negociar com a Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, recusando a ideia da direita de que Bruxelas era irredutível. Esses são pontos, aliás, que causam divisão entre a esquerda e a direita.
Após a divulgação do relatório preliminar, os partidos podem fazer propostas de alteração, sendo que a sua aceitação depende de Carlos Pereira. Tendo em conta que o inquérito replica a distribuição do Plenário, PS, BE e PCP conseguem aprovar o relatório final mesmo contra PSD e CDS.
Votação do relatório no dia 18
O relatório preliminar da primeira comissão de inquérito à CGD é entregue esta segunda-feira, 3 de Julho. Até dia 10, os partidos poderão fazer as suas sugestões de alteração. A decisão final é do deputado relator, do PS, Carlos Pereira, que terá de apresentar até dia 14 a versão final do relatório. A votação do documento é dia 18, dia em que terminam os trabalhos do inquérito. Em tribunal, continuarão a decorrer os recursos em que a CGD, BdP e CMVM discutem a obrigatoriedade da entrega de documentos confidenciais. Entretanto, até ao Verão, segue a auditoria feita pela EY aos actos de gestão desde 2000.