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Hedge funds esfregam as mãos com falência do Silicon Valley Bank

Hedge funds estão a oferecer-se para comprar os depósitos de startups retidos no SVB por 60 centavos de dólares.

12 de Março de 2023 às 10:45
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O Silicon Valley Bank (SVB) vai ficar para a história pelos piores motivos. A sua falência, consumada no final da semana, é a segunda maior de sempre de um banco de retalho nos Estados Unidos desde 2008, mas poderá constituir uma boa oportunidade de negócio para os hedge funds.

O colapso do banco foi o resultado de retiradas massivas de fundos por parte dos seus clientes, principalmente empresas do setor da tecnologia, e as suas últimas tentativas de obter dinheiro fresco foram infrutíferas. 

Na passada quinta-feira, o banco foi confrontado com levantamento de 42 mil milhões de dólares, deixando-o com um saldo de caixa negativo de cerca de 958 milhões dólares no final do dia, de acordo com o regulador de serviços financeiros da Califórnia, o principal órgão de fiscalização do SVB.

Nos mercados, o movimento de pânico começou na quinta-feira, depois de o SVB ter anunciado que procuraria aumentar o seu capital rapidamente para enfrentar as retiradas elevadas de dinheiro pelos seus clientes, chegando a perder 1,8 mil milhões de dólares na venda de uma carteira de ativos financeiros.

 

Pouco conhecido do grande público, o SVB tinha-se especializado no financiamento de empresas emergentes (startups) e era o 16.º banco dos EUA, segundo o critério do ativo: no final de 2022, tinha 209 mil milhões de dólares de ativo e cerca de 175,4 mil milhões de dólares em depósitos.

Para uns, a falência do SVB é uma desgraça. Para outros é uma oportunidade. É o caso dos hedge funds que já se estão a oferecer para comprar os depósitos de startups retidos no SVB por apenas 60 centavos de dólar, lançando linhas de empréstimos mais caras, mas cruciais para empresários incapazes de aceder ao seu dinheiro desde a falência do banco.

As ofertas variam de 60 a 80 centavos de dólar, refletindo uma série de expectativas de quanto dos depósitos não segurados – aqueles que excedem o limite de 250 mil dólares por cliente da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), nomeada liquidatária da instituição – serão efetivamente recuperados quando os ativos do banco forem vendidos.

 

Segundo o site Semafor, cerca de 96% dos depósitos do SVB em 31 de dezembro não tinham seguro, de acordo com os arquivos do banco, uma percentagem muito superior à de um credor típico. Esta realidade reflete sua concentração de clientes de empresas de tecnologia, os quais depositaram seus fundos de captação de risco nos últimos anos.

Esta circunstância também aumenta o risco de uma corrida bancária como a que levou o SVB à falência, ou seja, os depositantes que percebem que seu dinheiro não é garantido pelo governo são mais rápidos em retirá-lo.

A situação financeira da startups é dramática. Por exemplo, um representante da Brex, uma startup de financiamento que trabalha com outras startups, disse que a empresa recebeu mais de 500 pedidos totalizando mil milhões de dólares desde sexta-feira, quando anunciou que disponibilizaria empréstimos de emergência para empresas descapitalizadas.

 

 "Como costuma acontecer no setor financeiro, os problemas nunca vêm de onde se espera", sublinhou Alexander Yokum, da empresa de investimento norte-americana CFRA, à AFP. "Muitos observadores questionavam-se sobre a dívida que se acumula nos cartões de crédito ou sobre o mercado imobiliário para escritórios. Não se esperava um 'bank run', uma reação em cadeia que começa com retiradas massivas (de dinheiro) pelos clientes".

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