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Governo polaco quer estender moratórias a 2024. Custo para os bancos fica acima do previsto

O governo da Polónia anunciou que vai estender a moratória de quatro meses nos créditos à habitação, que já tinha estado em vigor em 2022 e 2023. O Bank Millenium, detido maioritariamente pelo BCP, é um dos afetados.

Reuters
O governo da Polónia anunciou esta terça-feira que quer prolongar o plano de moratórias - que permite às famílias realizarem uma pausa de quatro meses no pagamento do crédito à habitação para este ano, que já tinha estado em vigor em 2022 e em 2023. O anúncio foi feito através de uma nota publicada no site da chancelaria, citada pela Bloomberg.

"Decidimos alargar o programa para aqueles que contraíram hipotecas e agora têm problemas em pagá-las e decidimos também aumentar a ajuda para aqueles que perderam os seus empregos", disse o primeiro-ministro, Donald Tusk (na foto), numa conferência de imprensa, citado pela Reuters

No entanto, esta pausa agora só poderá ser feita nos casos em que a prestação atinja 30% do vencimento, ao contrário dos iniciais 35%, e o crédito terá de ser inferior a 1,2 milhões de zlotys (278 mil euros ao câmbio atual), o que deverá alargar o leque de beneficiários.

No caso das famílias com mais de três filhos a medida poderá ser aplicada independentemente da taxa de esforço. 

Estas limitações diferem da legislação anterior, uma vez que esta moratória era permitida a qualquer cidadão que tivesse crédito à habitação. Numa nota de "research" publicada em 2022, a S&P Global estimava que a medida custasse aos bancos 13 mil milhões de zlotys. No caso do Bank Millenium a agência de rating estimava - com base nos ativos totais da instituição - que todos os clientes fossem elegíveis e que a medida custasse cerca de 1,8 mil milhões de zlotys.

Ao abrigo do regime, este esquema de "férias" do pagamento da prestação do crédito da casa estará disponível durante dois meses, de 1 de maio a 30 de junho, e durante um mês em cada um dos terceiro e quarto trimestres.

A medida terá ainda de passar pelas câmaras baixa e alta do Parlamento e o gabinete do primeiro-ministro, Donald Trusk, espera que entre em vigor em maio.

Apesar de não ser dada uma estimativa em termos de custos, a vice-presidente da Associação da Banca Polaca (ZBP) - do qual faz parte do Bank Millenium, detido em 50,1% pelo BCP -, Agnieszka Wachnicka, indica que a prorrogação poderá custar aos bancos cerca de 3,7 mil milhões de zlotys, o equivalente a 856,3 milhões de euros. Este valor compara com 2,5 mil milhões de zlotys estimados na proposta inicial.

A ZBP prevê que sejam elegíveis 620 mil famílias, no caso de uma participação semelhante à registada em 2022 e 2023.

Esta extensão parece "viável", indicam os analistas da Bloomberg Intelligence, uma vez que "o custo da medida deverá ser menos de 4% do total de receitas do setor e menos de 9% do lucro antes de impostos, com base nos nossos cálculos, com a rentabilidade deste ano a ser impulsionada pelos ainda largos 'spreads' entre os empréstimos e os depósitos e a qualidade de ativos benigna".

Questionado pelo Negócios, o BCP não comenta.

O banco polaco segue a recuar 0,61% para 9,79 zlotys, ao passo que o BCP desvaloriza 0,98% para 0,262 euros.
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