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Fitch retira BPI de "lixo" após OPA do CaixaBank
A notação financeira do BPI foi melhorada em dois níveis depois do banco espanhol ter passado a controlar 84% do capital da instituição financeira ainda liderada por Fernando Ulrich.
A Fitch elevou o "rating" do BPI de "BB" para "BBB-", uma notação financeira que já está fora da categoria de "lixo".
A melhoria, de dois níveis, surge depois de a partir de ontem a instituição financeira espanhola CaixaBank ter passado a controlar 84,5% do capital do BPI, na sequência da oferta pública de aquisição onde investiu mais de 600 milhões de euros.
O BPI fica agora com um "rating" apenas um nível abaixo do CaixaBank ("BBB") e bem superior aos dos restantes bancos portugueses, bem como da República Portuguesa. A Moody’s atribuiu um "rating" de "B1" para o BCP e a S&P tem "B+" (ambos no quarto nível de lixo). A agência Fitch não acompanha o banco liderado por Nuno Amado e atribui a Portugal uma notação de "BB+" (primeiro nível de lixo).
As restantes agências ainda classificam o BPI na categoria de "lixo". A Moody’s atribuiu uma notação de "Ba3" e S&P tem um "rating" de BB-, ou seja, ambas no terceiro nível de lixo.
"A decisão de ‘rating’ surge depois do aumento da posição do CaixaBank para 84,5% em Fevereiro de 2017", refere a nota da Fitch, acrescentando que a nova notação reflecte uma "elevada probabilidade de apoio por parte da casa-mãe, caso seja necessário".
"A Fitch acredita que Portugal é um mercado estrategicamente importante para o CaixaBank, tal como demonstra o investimento de longo prazo no BPI e a intenção de assumir o controlo do banco apesar de ter consumido capital e das dificuldades em efectuar uma aquisição transfronteiriça", acrescenta.
A agência também retirou o "rating" do BPI de observação com implicações negativas para reflectir a perda de controlo no Banco de Fomento de Angola, um "passo necessário" para desconsolidar a subsidiária angolana e assim cumprir os requisitos do regulador.
De acordo com a Fitch, o BPI apresenta um nível de capitalização "aceitável" para o mercado português, embora necessite de emitir 206 milhões de euros em dívida subordinada para manter uma almofada de 25 pontos base sobre as exigências de capital.
Na conferência de imprensa realizada ontem, o CaixaBank mostrou-se disponível para assumir, na totalidade, o valor de dívida subordinada que o BPI tem de emitir para cumprir os rácios exigidos pelo regulador, que o banco calcula num mínimo de 225 milhões de euros.
"A qualidade dos activos do BPI é superior aos pares domésticos mas permanece vulnerável a alterações ao difícil ambiente operacional em Portugal", refere a Fitch. O banco ainda liderado por Ulrich fechou 2016 com um rácio de crédito mal parado de 8,2%, que "compara bem com os pares domésticos, mas é mais fraco do que média de 5,5% dos bancos europeus".
(Notícia actualizada às 16:25 com mais informação)