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Fim de comissões pode acabar com taxa fixa ou mista? Centeno alerta para questão de "custos"

O governador do Banco de Portugal comentou o alerta da APB, que diz que reduzir ou limitar as comissões que os bancos cobram pelo reembolso antecipado de créditos pode levar ao fim dos contratos de taxa fixa ou mista. Centeno frisou que estes contratos têm custos, já que implicam a contratação de instrumentos financeiros para "hedging".

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26 de Novembro de 2024 às 16:12
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O PS deixou cair a proposta de isentar de comissões os reembolsos antecipados de crédito à habitação a taxa fixa. A alteração, à qual o Negócios teve acesso, surge depois do parecer da Associação Portuguesa de Bancos (APB) que criticou a opção e deixou antever um encarecimento do crédito nesse cenário.

Questionado se partilhava da visão da APB, o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, sublinhou que este tipo de crédito tem um custo para as instituições financeiras, do ponto de vista de cobertura de risco e recursos.

"Quando um banco faz um crédito a taxa fica tem a necessidade de encontrar mecanismos para garantir que tem esses recursos, que se associem a maturidades e a verdade e que para issso contrata instrumentos financeiros e esses instrumentos tem um custo que tem de ser refletido", explicou Centeno.

Ora, "a partir do momento que o banco corre o risco de ver esse custo coberto o banco tem obrigação, até do ponto vista prudencial, de se proteger", frisou o goverador do Banco de Portugal. Ao contratar o crédito a taxa fixa ou mista, os bancos realizam aplicações financeiras, de forma a realizarem operações de cobertura de risco, até ao vencimento destes contratos.

Esta é aliás uma das razões que pode explicar a predominância da taxa variável no crédito à habitação. "Se voltarmos atrás no tempo conseguimos explicar o porquê de, historicamente, os bancos portugueses não terem sido competitivos na taxa fixa, porque um balanço de um banco tem ativo e passivo e é muito importante que se associem maturidades quer do lado do ativo, quer do lado do passivo", recordou Centeno.

"Eu insisto: um contrato é um contrato e é para cumprir", sublinhou Mário Centeno. Assim, "alguém que esteja a fazer contratos de taxa fixa e romper todos os meses - e esta é uma situação extremada – esta fica registada no sistema, é uma questão de reputação, importante para os mercados e parte do nosso trabalho é garantir que essa reputação e importante do lado dos bancos, pelo que temos de estender [esta questão da reputação] a todo o mercado", acrescentou o governador.

Ainda assim, a vice-governadora Clara Raposo deixou claro que o BdP não quer "fazer declarações dramáticas", pelo que não partilha necessariamente com a visão da APB, de que este tipo de contratos pode acabar, mas que pode "haver alterações" neste segmento. 

As declarações de Clara Raposo e Mário Centeno, durante a apresentação do mais recente relatório de estabilidade financeira, surgem horas depois dos CEO dos cinco maiores bancos terem criticado esta proposta, durante a conferência do Negócios "Banca do Futuro".

(Notícia atualizada às 16:33 horas).

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