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Falhou venda da fazenda brasileira de arroz do GES

Um ano depois do início do processo, a venda da Cobrape "chega ao fim sem a finalização da transacção". Não houve comprador. A alienação esteva suspensa por conta do arresto.

Pedro Elias
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Não há comprador para a fazenda que o antigo Grupo Espírito Santo tinha no Brasil. O processo de alienação, que tinha sido lançado há um ano, caiu depois de não ter havido concorrentes. A venda da companhia de produção de arroz e soja reverteria a favor da massa insolvente da Rioforte, uma das sociedades de topo do GES, mas o arresto de bens contrariava as ideias. 

 

"O processo de venda da Cobrape foi executado de acordo com as regras predefinidas. Não foi recebida nenhuma oferta vinculativa, pelo que o processo chega ao fim sem a finalização da transacção", assinala uma nota datada de 25 de Abril, no site das insolvências do Grupo Espírito Santo, noticiada esta sexta-feira, 5 de Maio, pelo Dinheiro Vivo.

 

Foi em Abril de 2016 que a Cobapre – Companhia Brasileira e Agropecuária foi colocada à venda, num processo conduzido pelos assessores Vinci Partners e Expofunding. Um ano depois, o processo caiu, sendo que já tinha havido indicações de problemas na operação.

 

A venda da Cobrape estava suspensa no início deste ano devido ao arresto de bens decretado pela justiça portuguesa, com que vários países cooperaram. Segundo revelaram os curadores da insolvência da Rioforte em Janeiro, a ideia seria a de que o processo poderia ser retomado com o acordo das autoridades que haviam decretado o arresto da sociedade, "sob condição de o produto da venda ser bloqueado a favor das autoridades portuguesas".

 

Foi neste contexto que a Cobrape não recebeu qualquer proposta de compra vinculativa. A fazenda tem mais de 20 mil hectares, idêntica à dimensão da portuguesa Companhia das Lezírias, e, para além da produção de arroz e de soja, dedica-se à criação de bovino.

 

A venda da companhia brasileira foi promovida devido à insolvência da Rioforte, de modo a poder reverter para os credores da empresa – apesar do arresto português. Para além dela, está a ser alienada a empresa do GES no Paraguai e a Comporta, em Portugal. No caso desta última, houve já acordo para que as receitas fiquem em território nacional para cobrir eventuais lesados da queda do BES.


Até ao final do ano passado, foram reclamados 3,2 mil milhões de euros à Rioforte, 4% do valor que os curadores da insolvência têm em mãos. A venda dos activos da empresa serve para elevar este montante. Os números do valor reclamado podem ser aumentados tendo em conta que o prazo para a reclamação foi estendido de Maio até Setembro. 

A insolvência da Rioforte, detida pela Espírito Santo International, arrancou no Verão de 2014, depois de uma inspecção do Banco de Portugal aos grandes clientes do BES, levada a cabo no final do ano passado, ter descoberto a falsificação de contas na ESI. 

Cobrape aparece na Operação Marquês

O nome da empresa, Cobrape, aparece no processo de investigação Operação Marquês. Como revelou o Negócios esta sexta-feira, a equipa de Rosário Teixeira acredita que foram dissimulados pagamentos do GES e da antiga PT a José Dirceu, ex-ministro de Lula da Silva. Esses pagamentos terão sido feitos, segundo a narrativa dos investigados, através de contratos com o advogado Abrantes Serra, que depois faria chegar o dinheiro ao cidadão brasileiro.

 

No seu interrogatório, Ricardo Salgado justificou os contratos com Abrantes Serra precisamente como forma de acompanhar o GES na acção judicial que estava a ser intentada contra o Estado brasileiro devido à Cobrape, numa questão que estava relacionada com a expropriação parcial de terras que pertenciam à empresa. 

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