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Entrada de chineses nos seguros do Montepio em risco. Associação desmente
Desde Novembro que o negócio de entrada da CEFC no Montepio está em cima da mesa. A avaliação da ASF está em curso, mas não há qualquer operação notificada pela Autoridade da Concorrência. O Público escreve que as contas da Montepio Seguros estão a dificultar o negócio. O Eco sublinha que a compra da Partex é a prioridade para os chineses. A associação recusa quaisquer problemas.
A entrada do grupo CEFC China Energy na Montepio Seguros, sociedade em que se encontra a Lusitania, está em risco. Segundo o jornal Público, as contas da "holding" que agrega os activos segurados do grupo mutualistas estão a dificultar a negociação. O jornal Eco diz que a prioridade da empresa chinesa é agora a compra da Partex. Notícias publicadas quando não há novidades por parte das autoridades que têm de aprovar a transacção. Já a associação desdramatiza e diz que não há quaisquer problemas.
A Montepio Seguros integra a Lusitania Seguros (ramo não vida), a Lusitania Vida (ramo vida), a N Seguros e a sociedade gestora de fundos de pensões Futuro. O Público diz que, pese embora as contas não estejam ainda fechadas, a "holding" deverá apresentar prejuízos consolidados em torno de 20 milhões de euros. No ano passado, as contas consolidadas contavam com prejuízos de 7,2 milhões de euros e de 9,2 milhões na análise individual.
As contas consolidadas de 2016 contavam com uma reserva por parte da KPMG, nomeadamente pelo facto de as alterações no sistema informático terem limitado o cálculo do "valor actual de negócios anteriormente adquiridos". No ano passado, a mutualista reforçou as imparidades constituídas para este activo. O valor de balanço na associação era, em 2016, de 256 milhões, com uma imparidade associada de 69 milhões. Estes números são da análise individual, porque a mutualista ainda não apresentou contas consolidadas de 2016.
É uma "cooperação estratégica" aquela que une, desde Setembro, a associação presidida por António Tomás Correia (na foto) e a chinesa CEFC. Quando foi anunciada, havia várias possibilidades de negócio, com o grupo sempre a ressalvar que nenhuma passava pela Caixa Económica Montepio Geral, o principal activo do grupo.
Foi depois em Novembro que veio a confirmação de que o investimento seria na área seguradora. A operação seria realizada na Montepio Seguros (mas sem envolver a Futuro) através de um aumento de capital, e não venda directa de participação, o que iria diluir a posição do grupo português, que ficaria minoritário. A dimensão dos prejuízos no exercício de 2017 não era, de acordo com a publicação, antecipada e poderá alterar o preço que os chineses estavam interessados em investir. O Eco diz que o aumento de capital seria de 150 milhões de euros.
Troca de seguros pelo petróleo
Neste momento, não há ainda uma decisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) sobre a operação. A 4 de Dezembro, o presidente da ASF, José Almaça (na foto), frisou que a entidade tinha 90 dias para fazer a sua avaliação, mas não era habitual demorar esse tempo (que pode ser travado quando o dossiê não está completo). "Nós nunca demorámos 90 dias se vier tudo em condições", afirmou. No site da Autoridade da Concorrência não consta a notificação desta operação.
O Eco adianta mesmo que a entrada dos chineses da CEFC na Montepio Seguros está suspensa, até porque o grupo estará agora concentrado noutra aquisição em Portugal: a Partex. É este grupo que está a comprar a posição da Fundação Calouste Gulbenkian na participada que agrega os negócios na área do petróleo. A CEFC Energy é um grupo privado com presença no sector petrolífero e também na área financeira.
Além da posição do regulador dos seguros, a transacção tinha de passar pelo crivo do conselho geral da mutualista. O Eco diz que a mudança de prioridades do grupo já foi discutida informalmente.
Contactada pelo Negócios, a associação rejeita que tenha sido notificada de qualquer alteração nas prioridades da CEFC. "A prioridade é a que os chineses quiserem", responde. A associação recusa que haja qualquer atraso no processo, diz que não houve "qualquer alteração à metodologia" prevista e defende que ainda na semana passada foram entregues documentos em falta à ASF, nomeadamente o plano de negócios para a "holding". Está tudo a ser o que estava parametrizado, adianta a assessoria de imprensa da associação presidida por Tomás Correia.
Este não é o único negócio em que o Montepio está envolvido em que não há ainda uma conclusão da transacção anunciada. A alienação de uma participação no capital da Caixa Económica Montepio Geral à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deveria ter sido concretizada no ano passado, depois até ao final de Janeiro e, neste momento, ainda se aguarda uma decisão.
Segundo a mutualista descreve no plano de acção para o presente ano, "as medidas tomadas em 2017 criaram condições para a abertura do capital dessas entidades [Caixa Económica e Montepio Seguros] a outros investidores e proceder à racionalização das participações para recompor o balanço, mitigar riscos, optimizar recursos e possibilitar a geração de valor". Estão ambas por ocorrer.
(Notícia actualizada pela última vez às 11:50 com posição da associação mutualista)