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"Devemos, neste período bom, insistir na necessidade de robustecer o balanço dos bancos"
Governador do Banco de Portugal insiste que o ciclo económico que se avizinha não será tão positivo para os bancos quanto foi no passado e, por isso, o sistema tem de estar pronto para enfrentá-lo.
O Governador do Banco de Portugal (BdP) reitera a ideia de que os bancos têm de estar preparados para enfrentar o ciclo económico que se avizinha.
Na conferência "Banca do Futuro", organizada pelo Negócios, Mário Centeno afirma que "a este ciclo de resultados bons vai seguir-se um ciclo diferente", no qual "vamos ter reduções nas taxas de juro que têm impacto nas margens financeiras da banca". Por isso, realça, "devemos todos neste período bom insistir na necessidade de robustecer o balanço dos bancos e torná-los mais capazes de enfrentar os ciclos económicos".
A conclusão de Mário Centeno segue-se à constatação de que os bancos nacionais tiveram, nos últimos anos, uma evolução positiva. "Temos os bancos mais capitalizados", sublinhou o Governador, indicando que "o nosso indicador de CET 1 progrediu mais de 10 pontos percentuais em 10 anos e talvez o mais espetacular de todos os indicadores, o NPL ["Non-Performing Loans" ou crédito malparado], caiu mais de 15 pontos percentuais desde 2014 para um valor inferior a 3%".
"Reduzimos o risco do balanço como nenhum outro país conseguiu fazer neste período", insistiu, consluindo que o país financeiro "tomou as rédeas" do seu futuro.
Ligando a evolução do sistema financeiro à da economia portuguesa, Centeno recorda, entre outros fatores, a evolução do aforro: "Os níveis de poupança estão quase tão elevados quantos os que registamos no período da Covid", sublinha o responsável máximo do BdP, admitindo que "quando o banco central olha para a poupança fá-lo com alguma ansiedade porque durante muitos anos fizemos a apologia de que ela devia aumentar e ela está a aumentar".
"Os depósitos na banca portuguesa estão em níveis máximos e isso é um sinal desta poupança" que "cria capacidade de investirmos", apelou.
O futuro, no entanto, é incerto, avisou. Recorrendo a dados do indicador duiário da atividade económica que o Banco de Portugal divulga todas as semanas, o Governador afirma que o ano de 2024 não tem "sido simples na análise", porque depois de um primeiro trimestre que se traduziu num crescimento de 0,6% em cadeia, o país tem passado por uma perda de fulgor na evolução económica".
"No quarto trimestre voltamos a ter um período de desaceleração muito forte – a quarta desaceleração neste ano", alertou, concluindo que "a atividade em Portugal tem estado hesitante e isto torna o processo de previsão da atividade económica dificil".