Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Deutsche Bank e Santander chumbam nos testes de stress nos EUA

As unidades norte-americanas dos dois bancos europeus não passaram nesta avaliação feita pela Reserva Federal devido a preocupações de ordem qualitativa no que diz respeito aos seus procedimentos.

A carregar o vídeo ...
Fed Stress Test Results: Who Passed and Who Failed?
12 de Março de 2015 às 00:52
  • 2
  • ...

A Fed divulgou na quarta-feira os resultados da sua segunda e última fase dos testes de resiliência realizados ao sector financeiro a operar nos Estados Unidos. Os 31 maiores bancos norte-americanos passaram todos, confirmando os resultados da primeira fase. Mas as unidades nos EUA do banco alemão Deutsche Bank e do banco espanhol Santander viram-lhes ser acenado um cartão vermelho.

 

Esta segunda ronda deixou determinado, para a Reserva Federal, até que ponto é que os bancos conseguem suportar perdas e continuar a distribuir dividendos, bem como recomprar acções próprias ou procederem a aquisições.

 

Falhar nos testes pode significar que os bancos terão de abrir mão de aumentos nas remunerações, obrigando os executivos a revitalizar os seus balanços ou a implementar sistemas internos, sublinha a Bloomberg.

 

A Fed vetou assim os planos de capital das unidades norte-americanas do Deutsche Bank e do Santander, ao passo que as instituições de concessão de crédito dos EUA passaram nos testes, estando autorizadas a pagar os maiores dividendos desde a crise financeira, refere o Financial Times.

 

Segundo o FT, a Fed identificou sérias deficiências no planeamento de capital e na gestão de risco das unidades norte-americanas daqueles dois bancos europeus. No caso do Santander, foi o segundo ano consecutivo em que chumbou nestes testes de stress levados a cabo pelo banco central norte-americano. O Deutsche Bank foi testado pela primeira vez este ano.

 

No passado dia 5 de Março, a Reserva Federal tinha divulgado os resultados da primeira fase destes testes, não constando alusões a instituições financeiras europeias. Os testes de resiliência realizados ao sector financeiro dos EUA determinaram, na primeira ronda, que os 31 grandes bancos avaliados dispunham de capital suficiente para absorverem perdas na eventualidade de uma contracção económica forte e prolongada.

 

Foi a primeira vez, desde que o banco central norte-americano começou a realizar testes de stress ao sector financeiro, em 2009, que nenhuma instituição falhou na avaliação. Ou seja, os seus níveis de capital não ficaram abaixo do limiar definido pela Fed como sendo o indicado para suportarem choques económicos.

 

Estes testes anuais, que colocam cenários hipotéticos de choques económicos, são um esforço da Fed para evitar uma repetição da crise financeira de 2008 e para avaliar a capacidade dos bancos de suportarem perturbações na economia.

 

Os maiores bancos norte-americanos "continuam a constituir níveis de capital e a reforçarem a sua capacidade para emprestarem às famílias e às empresas num período marcados por uma forte recessão e volatilidade no mercado financeiro", sublinhou a Fed no seu comunicado de apresentação dos resultados da primeira fase dos testes de stress.

 

A Reserva Federal usa estes testes para levar as entidades de concessão de crédito a constituírem almofadas de capital. Agora, a segunda fase dos testes veio confirmar que os planos de capital de todos os bancos norte-americanos receberam luz verde, havendo apenas a apontar a "semi-aprovação" do Bank of America.

 
O Bank of America foi o único banco, entre os seis maiores dos EUA, a registar melhorias em todos requisitos de capital face ao desempenho demonstrado no teste do ano passado. No entanto, nesta segunda ronda, saiu "beliscado". Isto porque recebeu uma aprovação "condicionada". Ou seja, precisa de revitalizar os seus procedimentos internos de gestão do risco e reapresentar o seu plano de gestão de capital até ao final do terceiro trimestre para ter a aprovação definitiva.

 

Já o Goldman Sachs superou apenas em 0,1 pontos percentuais o mínimo de 8% estabelecido para o capital baseado no risco, o que restringe a sua margem para remunerar os accionistas.

 

O Wells Fargo, por seu turno, superou todos os mínimos de capital em pelo menos dois pontos percentuais. Já o rácio do Morgan Stanley em três requisitos de capital diminuiu, no caso do cenário severamente adverso, para apenas um ponto percentual acima do mínimo exigido.

 

Em resumo, a Reserva Federal não se opôs aos planos de capital do Ally Financial, Inc.; American Express Company; The Bank of New York Mellon Corporation; BB&T Corporation; BBVA Compass Bancshares, Inc.; BMO Financial Corp.; Capital One Financial Corporation; Citigroup, Inc.; Citizens Financial Group; Comerica Incorporated; Discover Financial Services; Fifth Third Bancorp; Goldman Sachs Group, Inc.; HSBC North America Holdings, Inc.; Huntington Bancshares, Inc.; JP Morgan Chase & Co.; Keycorp; M&T Bank Corporation; Morgan Stanley; MUFG Americas Holdings Corporation; Northern Trust Corp.; The PNC Financial Services Group, Inc.; Regions Financial Corporation; State Street Corporation; SunTrust Banks, Inc.; U.S. Bancorp; Wells Fargo & Company; e Zions Bancorporation, conforme consta no comunicado da Fed.

 

"O Goldman Sachs Group, Inc., JP Morgan Chase & Co. e Morgan Stanley cumpriram os requisitos mínimos de capital depois de apresentarem medidas de ajustamento", acrescentou o banco central norte-americano.

 

Esta foi assim a quinta edição de testes de stress levada a cabo pela Fed, e a terceira exigida pela lei de Dodd-Frank (onde se inclui, por exemplo,  a famosa "Regra Volcker", que visa limitar as operações bolsistas por conta própria por parte da banca).

 

As 31 instituições bancárias avaliadas representam mais de 80% dos activos bancários domésticos nos EUA, sublinha a Fed no seu relatório.

 

Nos dois cenários hipotéticos usados pela Fed na primeira fase dos testes deste ano, onde avaliou sobretudo os níveis de capital (avaliação quantitativa), o cenário severamente adverso previa uma profunda recessão no país, com a taxa de desemprego nos 10%, uma queda de 25% nos preços das casas e um crash de cerca de 60% nas bolsas, bem como um forte aumento da volatilidade dos mercados. O cenário adverso, por seu lado, envolvia uma recessão mais moderada, mas um rápido aumento dos juros de curto e de longo prazo. 

 

A segunda fase dos testes visou sobretudo a avaliação qualitativa dos bancos.

 

(notícia actualizada à 01h34)

Ver comentários
Saber mais Estados Unidos Fed EUA Deutsche Bank Santander banca testes de stress
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio