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Deutsche Bank prepara criação de "bad bank" com 50 mil milhões de euros
O banco alemão vai fechar ou reduzir substancialmente a atividade das unidades de trading que tem fora da Europa, avança o Financial Times.
O Deutsche Bank pretende dar mais um passo para se afastar do negócio da banca de investimento. Segundo avança este domingo o Financial Times, o banco alemão vai avançar com uma reestruturação profunda da sua unidade de trading e nesse âmbito vai criar um "bad bank" com ativos no valor de várias dezenas de milhares de milhões de euros.
Segundo o jornal britânico, serão transferidos para este "bad bank" os ativos que o banco pretende vender e que estão avaliados nas suas contas num valor que pode chegar aos 50 mil milhões de euros. A dimensão desta unidade que vai concentrar os ativos não core está ainda em análise, mas segundo fontes do Financial Times será certamente acima dos 30 mil milhões de euros e deverá ficar entre 40 e 50 mil milhões de euros, o que representa cerca de 14% do balanço do banco.
Esta medida insere na estratégia de concentração na atividade bancária tradicional e afastamento da banca de investimento que está a ser delineada pelo CEO Christian Sewing. As unidades de trading fora da Europa vão sofrer uma forte redução ou serão mesmo encerradas, sendo que o plano nesta frente está ainda a ser analisado.
As novidades deverão ser anunciadas oficialmente pelo CEO na apresentação dos resultados semestrais. "Os cortes têm de ser radicais", disse ao FT um gestor de topo do banco, explicando que "faz todo o sentido colocar nesta unidade ‘non core’ todos os ativos de longo prazo" que não geram receita e não são estratégicos para o banco.
Foi sobretudo a área de banca de investimento que afundou o Deutsche Bank em prejuízos e as ações para mínimos históricos, levando o banco a equacionar uma fusão com o Commerzbank, que acabou por não se concretizar.
A concretizar-se a criação deste "bad bank", não será o primeiro do banco alemão, nem o de maior dimensão. Entre 2012 e 2016 o Deutsche Bank geriu uma unidade com ativos tóxicos e não estratégicos no valor de 125 mil milhões de euros. Quanto este foi dissolvido, sobraram 10 mil milhões de euros em ativos que foram reintegrados nas unidades core do banco. Entre os ativos que foram alienados estava um casino em Las Vegas que gerou perdas de 14,6 mil milhões de euros.