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Banco russo resgatado por Moscovo com queda do rublo e sanções do Ocidente

A queda do valor do rublo provocou a primeira vítima oficial no sector da banca do país: o Trust Bank. O banco central da Rússia vai injectar 30 mil milhões de rublos (434 milhões de euros) na entidade com o objectivo de evitar a sua falência.

Bloomberg
22 de Dezembro de 2014 às 15:34
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A decisão foi anunciada esta segunda-feira, 22 de Dezembro, pelo banco central russo, segundo a agência Reuters. O resgate vai fazer com que o Trust continue a funcionar normalmente, assegurou o banco central. "Todos os clientes do banco, incluindo os depositantes, podem usar os seus serviços como normalmente". 

 

O Trust Bank é o 32º maior banco russo em termos de activos e o 15º maior em contas particulares, incluindo depósitos num total de 2,63 milhões de dólares. O banco já contava com uma baixa almofada financeira antes da queda do rublo, mas a desvalorização da moeda provocou a sua queda.

 

A moeda russa já perdeu 38% do seu valor face ao dólar desde Junho. A Rússia é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e a queda em mais de 40% do seu preço nos mercados internacionais está a contribuir para a desvalorização da moeda, devido ao impacto que terá sobre as contas públicas russas.

 

Outra das razões para o colapso do Trust Bank foi o abrandamento económico da Rússia, que está a provocar um aumento do crédito mal parado e um recuo nos empréstimos ao consumo.

 

A ajudar também estão as sanções económicas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia devido à tensão geopolítica no Leste da Ucrânia. As sanções implicam que os bancos russos não podem pedir dinheiro emprestado nos mercados financeiros.

 

Antes de Setembro, as sanções impediam que as entidades financeiras russas contraíssem empréstimos acima de 90 dias. Desde então, a fasquia foi reduzida e os bancos russos não podem pedir dinheiro além dos 30 dias. Isto aumentou abruptamente os seus custos com financiamento e dificultou o acesso destas instituições ao financiamento em dólares.

 

Governo de Vladimir Putin prepara medidas para a banca

 

A falta de liquidez está assim a afectar estas instituições financeiras e o sector bancário russo pode vir a precisar de uma injecção de capital no valor de 18 mil milhões de dólares. Os maiores bancos do país são o Sberbank, VTB, Gazprombank, Vnesheconombank e o Rosselkhozbank.

 

O Kremlin está já a preparar nova legislação, com o Ministério das Finanças a propor o aumento da garantia estatal dos depósitos nos bancos para 25 mil dólares, em caso de falência.

 

O banco central vai agora escolher um investidor para ficar com o Trust Bank. A escolha deverá recair sobre dos maiores bancos russos, segundo o banco central. O B&N Bank já mostrou o seu interesse na aquisição do Trust. De fora deverão ficar o OAO Sberbank, VTB Group e o OAO Gazprombank.

 

A falta de liquidez está a provocar um aumento da desconfiança no sistema bancário russo. As taxas no mercado de empréstimos diários interbancários subiram para os 27,3% na semana passada, o nível mais elevado desde 2006, segundo dados da Bloomberg.

 

Rublo recupera de mínimos históricos

 

O rublo está a recuperar da sua queda e ganha 7,5% para 54,4875 rublos por dólar esta segunda-feira. A moeda atingiu o seu valor mais baixo de sempre a 16 de Dezembro, 80,10 rublos por dólar, depois do banco central ter aumentado a sua taxa de juro de 10% para 17,5% para tentar travar a queda do rublo.

 

Os mercados estão hoje a aliviar a sua pressão sobre a Rússia. A bolsa de Moscovo está a ganhar 8%, na que é a maior subida global, e os juros da dívida a 10 anos perdem 46 pontos base para os 13,14%.

 

O antigo ministro das Finanças russo veio hoje a público alertar que a situação poderá vir a piorar e criticou a actuação do Governo de Vladimir Putin. "Eu posso dizer que hoje entrámos numa real crise económica. No próximo ano vamos senti-la claramente", disse Alexei Kudrin.

 

"O Governo não foi suficientemente rápido a resolver a situação. Ainda estou para ouvir uma avaliação clara da actual situação", afirmou.

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