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Costa Pinto critica vendas do Novo Banco. "Misturar alhos com bugalhos é receita para o desastre"

João Costa Pinto, que está a ser ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco, deixa críticas às vendas de ativos realizadas pelo banco liderado por António Ramalho.

10 de Março de 2021 às 12:19
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João Costa Pinto, ex-vice-governador do Banco de Portugal e o primeiro a ser ouvido na comissão de inquérito ao Novo Banco, deixa críticas à venda acelerada de ativos tóxicos realizada pela gestão de António Ramalho. E garante: "Há perdas que podiam ter sido evitadas".

Todos os bancos têm áreas especializadas para o acompanhamento dos créditos duvidosos, sendo um trabalho permamente. "Não foi o que o Novo Banco fez", disse o responsável aos deputados na comissão de inquérito ao Novo Banco, cujas audições arrancaram esta quarta-feira. 

"Quando se passa para um 'fire sale', tipo liquidação, tudo muda de figura. As perdas de valor são imediatas. Então quando se decide agregar em grandes pacotes de créditos em que se misturam alhos com bugalhos, coisas boas com coisas más... É a receita para o desastre", disse, sublinhando que "quando tudo isso acontece não podia haver se não perdas susbtanciais". 

Um dos exemplos foi a venda da Tranquilidade. "A preocupação não era o preço, era vender" a seguradora, disse Costa Pinto. "É a tal passagem de uma ótica de gestão contínua e de tirar partido de um valor do ativo o máximo possível para uma ótica de liquidação. São essas duas óticas que explicam grande parte das perdas e das chamadas de capital". 

Nesse sentido, diz, "mesmo depois de [o Novo Banco] ter sido vendido como foi, as coisas podiam ter corrido de forma distinta". E continua: "É evidente que se diz que tinha de ser rapidamente porque havia compromissos para com a Comissão, com a Direção-Geral da Concorrência europeia e o BCE. Primeiro, esses compromissos não deviam ter sido aceites como foram. Mas, depois de terem sido, a gestão do Novo Banco não precisou do tempo todo dado, que foram cinco anos. Por isso é que digo que há perdas que podiam ter sido evitadas". 

As vendas de carteiras de ativos pelo Novo Banco será outro dos temas que irá marcar esta comissão de inquérito que deverá durar, pelo menos, quatro meses. 

(Notícia atualizada.)
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