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Corretora portuguesa vai lá fora buscar seguro para cobrir epidemias
Dirigido a médias e grandes empresas industriais, de retalho, turismo, hotelaria, imobiliário ou construção, o produto da F. Rego, que exclui a covid-19, é indexado à declaração de pandemia e garante perdas financeiras por confinamentos.
A F. Rego, uma corretora de seguros especializada em riscos empresariais, associou-se a uma seguradora internacional para disponibilizar um produto que assegura ser "pioneiro" em Portugal, destinado exclusivamente a cobrir os riscos decorrentes de surtos epidémicos causados por vírus conhecidos, como o ébola e o coronavírus, ou que possam vir a ocorrer.
Ao Negócios, o presidente executivo, Pedro Rego, especificou que esta apólice é "vocacionada numa primeira fase para clientes de média ou grande dimensão" dos setores do retalho, turismo e hotelaria, imobiliário, minas, construção e indústria, pois são "tipicamente os mais impactados" pelos confinamentos e os que mais podem beneficiar deste tipo de cobertura.
A ativação da indemnização é indexada à declaração de pandemia por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) e garante o pagamento de perdas financeiras por paralisação de atividade, "sem danos materiais em simultâneo, uma exclusão absoluta da generalidade dos contratos de danos patrimoniais a nível internacional".
Nesse caso, explica o acionista e administrador da empresa fundada pelo pai em 1979, é de imediato acionada uma fração da quantia acordada para fazer face a investimentos urgentes, como medidas sanitárias e de segurança ou de gestão de crise. A ativação dos restantes "layers" da apólice depende da evolução da epidemia e dos impactos que tenha na organização, em função das medidas de mitigação decretadas, como o encerramento temporário.
Questionado sobre a adesão esperada por parte das empresas portuguesas, Pedro Rego, licenciado em Economia na Universidade do Porto, respondeu que, estando destinado a garantir futuros riscos pandémicos – o SARS-CoV-2, responsável pela covid-19, está excluído –, pretende "abrir novos mercados e oportunidades, sensibilizando as empresas para os riscos emergentes e para as novas soluções que o setor segurador tem para oferecer".
Com mais de 40 anos no mercado, a F. Rego reclama estar entre os dez maiores grupos de corretagem e mediação em Portugal, onde conta com 60 colaboradores divididos pelos escritórios do Porto (sede), Coimbra e Lisboa. Além das empresas no Brasil e em Espanha, participadas pelo grupo, faz parte de várias redes internacionais de corretagem de seguros e que asseguram uma presença direta em mais de 80 países nos cinco continentes.
"Teste de stress" para as seguradoras
A pandemia afetou todas as áreas da economia e as seguradoras não foram exceção. O rácio de solvência do setor desceu para mínimos de quatro anos no final de junho, de acordo com dados do regulador. Para José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), o impacto da covid-19 foi um "grande teste de stress" para as seguradoras.
Os seguros de vida enquanto produto de investimento, por exemplo, deixaram de ser atrativos, tanto para os clientes como para as seguradoras. Como o Negócios noticiou em janeiro, a sua produção afundou perto de 50% em 2020, face ao ano anterior, num período marcado por juros baixos e a que se veio somar o impacto da pandemia.