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Comissão de inquérito “foi oportunidade perdida” para Novo Banco se credibilizar, diz Fernando Anastácio

O relator da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco, Fernando Anastácio, reconhece que o resultado da comissão ficou “aquém das expectativas”. Em entrevista ao Público acusa o Novo Banco de ter "encharcado" a comissão de informação.

O relatório preliminar da comissão de inquérito ao Novo Banco foi apresentado esta terça-feira pelo deputado socialista Fernando Anastácio.
António Cotrim/Lusa
06 de Outubro de 2021 às 08:59
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Os resultados da comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao Novo Banco ficaram "aquém das expectativas" porque os partidos não saíram da sua agenda, considera Fernando Anastácio, deputado socialista e relator das conclusões da CPI, que em entrevista ao Público também acusa o Novo Banco de ter "encharcado" a comissão de informação.

"Quando só falta a discussão do relatório final em plenário, podemos dizer que a CPI ficou aquém das expectativas", porque "não houve a capacidade de os partidos políticos saírem da sua agenda partidária e olharem para os factos que foram apurados na CPI", afirma, considerando que as "CPI não são tribunais para julgamento".

Questionado sobre as críticas da oposição, que o acusa de ter aligeirado as responsabilidades do Governo no relatório que será votado dia 22, o deputado socialista responde que "os critérios do relatório aplicados na resolução são os mesmos que foram definidos para a venda".

"A questão é que podemos querer tirar mais leituras de responsabilidades política na venda e imputá-la mais diretamente a um governo, do que na resolução", diz o deputado que defende que "a venda passou a ser uma inevitabilidade no momento em que se fez a resolução". O que escreveu no relatório foi "uma crítica ao anúncio de venda", que veio acompanhado da garantia de que não iria custar dinheiro aos contribuintes". "O anúncio da venda não tinha sido feito de forma a que os portugueses tivessem a percepção dos riscos que podiam ser chamados a cobrir".

Ao longo deste processo, a técnica do Novo Banco foi a de "encharcar" a comissão com informação."Usou aquela velha técnica: ‘encharca-os de informação para ver se eles não a conseguem consumir’. Enviaram para a CPI mais de um milhão de páginas, dezenas de milhares de documentos, ficheiros. É evidente que foi uma tentativa, escudada no formalismo, de passar a ideia de colaboração e de abertura, mas com a mensagem: vocês na CPI não vão conseguir ir ao âmago do problema".

Confrontado com as críticas do presidente do Novo Banco, o socialista afirma que António Ramalho não respondeu à pergunta sobre quem manda na instituição.

"Não é possível na banca, onde a confiança é um fator determinante, para mais estando o NB a chamar capital público, não conhecer os rostos de quem manda. O Novo Banco perdeu uma oportunidade de se credibilizar junto da opinião pública".

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