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CGD: João Salgueiro evita responder sobre operação Boats Caravela

O ex-presidente da CGD remete as respostas para a audição a Vieira Monteiro relativamente à operação Boats Caravela, que gerou perdas de 340 milhões de euros à CGD.

Miguel Baltazar/Negócios
26 de Junho de 2019 às 20:01
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João Salgueiro, ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), remeteu quaisquer questões sobre a operação Boats Caravela para a audição a Vieira Monteiro. Em causa está uma operação que gerou perdas de 340 milhões de euros ao banco estatal e que foi assinada durante a administração de Salgueiro, na qual se incluía o "chairman" do Santander Totta e Tomás Correia.

 

"A resposta simples ao agora solicitado é explicitar que não considero necessário acrescentar nada ao que foi informado pelo dr. Vieira Monteiro, que durante mais de três décadas exerceu as mais altas responsabilidades executivas em bancos portugueses e espanhóis que sempre desempenhou com independência e rigor", afirmou João Salgueiro nas respostas por escrito enviadas ao Parlamento. 

 

Na sua audição, Vieira Monteiro, que foi administrador da CGD até 2000, garantiu que há uma diferença entre o que foi decidido e o que foi assinado na chamada Boats Caravela. "Verifico que existe uma discrepância entre o que este órgão [conselho de administração] autorizou (balizando rigorosamente e zelosamente o nível de risco a assumir) e o que consta de duas cláusulas do contrato", disse o gestor.

 

De acordo com o presidente não executivo do Santander Totta, "as deliberações do conselho de administração apontavam para um fundo fechado composto por ativos de primeira qualidade, ao passo que a versão assinada do contrato, sem que se entenda porquê, atribui à contraparte do banco o poder de alteração discricionária da composição do fundo, podendo com isso a qualidade dos ativos ser afetada e, consequentemente, o desempenho do contrato prejudicado".

 

Boats Caravela era o nome de um instrumento financeiro complexo, no qual a Caixa investiu 447,1 milhões de euros em 1999, último ano de João Salgueiro à frente do banco público. A operação foi feita em conjunto com o Crédit Suisse First Boston.

Este instrumento era um produto derivado, pelo que a sua valorização dependia da evolução do valor de outros ativos ou títulos subjacentes. Em teoria, a Caixa poderia, assim, minimizar o risco a que estava exposta, ao partilhá-lo com outros investidores. Contudo, na prática, a operação acabou por resultar em perdas de 340 milhões para a CGD.

 

Na sua audição, Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, afirmou que não foi ele quem sugeriu a operação e que o conselho de administração não sabia do risco na mesma. "Não digo que seja um erro de tesouraria, mas que houve aqui uma falha monumental, isso houve", afirmou o gestor.  

Já António de Sousa afirmou na sua audição que os membros da administração de João Salgueiro, a quem sucedeu à frente da CGD, "não entenderam bem aquilo que estavam a assinar" na operação em causa.

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