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"Cartel da banca": crimes prescreveram, diz tribunal
Tribunal da Relação deu razão aos bancos. Em causa estavam atos praticados entre 2002 e 2013 pelos quais a Autoridade da Concorrência aplicou coimas de 225 milhões de euros, depois confirmadas pelo Tribunal de Santarém.
Os bancos envolvidos no caso que ficou conhecido como "cartel da banca" obtiveram uma vitória em toda a linha no processo, com o Tribunal da Relação de Lisboa a decidir que as coimas prescreveram - o que era exatamente a argumentação das instituições financeiras.
Em comunicado, o Tribunal informa que entendeu "declarar prescrito o procedimento contraordenacional pendente contra as sociedades arguidas relativamente à prática da referida contraordenação e determinou o oportuno arquivamento dos autos". A conclusão da Relação vai assim ao encontro da argumentação das instituições financeiras.
Os juízes entenderam que a prescrição ocorreu "no dia 1 de setembro de 2023 ou, no limite, aplicadas as leis Covid-19, em 11 de fevereiro de 2024", dando assim providência à argumentação das instituições financeiras.
O processo remonta a atos praticados entre 2002 e 2013, período durante o qual os 11 bancos envolvidos - incluindo todos as grandes instituições financeiras portuguesas à altura - partilharam entre si informações de negócio consideradas sensíveis, como os "spreads".
A Autoridade da Concorrência (AdC), que liderou o processo, concluiu que aquelas práticas violavam as leis da concorrência e aplicou multas de 225 milhões de euros. Os bancos recorreram dessa decisão para o Tribunal da Concorrência, que deu razão ao regulador. As instituições financeiras interpuseram novo recurso, desta vez para o Tribunal de Relação, cuja decisão foi hoje tornada pública.
A Caixa Geral de Depósitos tinha sido condenada a pagar 82 milhões de euros (mais de um terço do total), o BCP 60 milhões, o Santander 35,6 milhões, o BPI 30 milhões, o Montepio 13 milhões de euros e o BBVA 2,5 milhões. Foram também condenados o BES (700 mil euros), o Banco BIC (500 mil euros), a Caixa Agrícola (350 mil euros) e o Unión de Créditos Inmobiliários (350 mil euros).
O Negócios contactou a Autoridade da Concorrência e os principais bancos envolvidos e aguarda respostas.