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Carlos Costa diz que deixou CGD em Espanha a dar lucro

O governador do Banco de Portugal reage a uma notícia da revista Sábado, que coloca Carlos Costa no início do processo de expansão da CGD em Espanha que viria a custar mais de 800 milhões em perdas ao banco.

Bruno Simão/Negócios
21 de Julho de 2016 às 12:11
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O governador do Banco de Portugal defende que o Banco Caixa Geral – BCG, instituído em Espanha pela Caixa Geral de Depósitos no seguimento da aquisição do Banco Simeón - deu lucros em 2006 depois da reestruturação que o próprio responsável conduziu. E argumenta que deixou o cargo de presidente não executivo do BCG em Setembro desse ano, depois de ter sido nomeado vice-presidente do Banco Europeu de Investimento.

A reacção de Carlos Costa, em comunicado enviado pelo Banco de Portugal às redacções, surge depois de esta quinta-feira, 21 de Julho, a revista Sábado avançar que a presença da Caixa em Espanha custou pelo menos 800 milhões de euros em perdas e que o "grande salto" no país vizinho foi dado quando o actual governador era administrador para a área internacional da CGD sob a liderança de Faria de Oliveira, actual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB).


"Com a reestruturação, o Banco Caixa Geral registou em 2006 resultados positivos ao contrário dos anos anteriores, como se pode verificar no relatório do exercício que é público", afirma-se no documento. Segundo o relatório e contas do BCG anexo ao comunicado enviado pelo Banco de Portugal, o banco passou de prejuízos de 31,26 milhões de euros em 2005 a resultados positivos de 584 mil euros em 2006. 

A notícia da Sábado refere que a CGD triplicou a actividade em Espanha entre 2005 e 2007, com a transferência de 1,6 mil milhões de euros em créditos de risco do BCG para uma filial espanhola entretanto criada. E que neste período necessitou de aumentos de capital no valor de 296 milhões.


O Simeón, comprado em 1995, foi reestruturado dez anos mais tarde sob a alçada de Carlos Costa e seguindo um plano de negócios feito pela consultora Roland Berger que previa em cinco anos duplicar clientes, triplicar activos sob gestão e dobrar o balanço ("2x3x2", como foi apelidado o plano). Carlos Costa, presidente do BCG até 2006, "acompanha boa parte desta fase de intensa expansão", refere a publicação.

Em apenas três anos, de 2005 a 2007, o banco praticamente triplica o activo. Mas pelo meio mete-se a crise internacional e do imobiliário espanhol. A criação de uma sucursal em 2007 permite registar nesse veículo as perdas resultantes do impacto da crise e evitar as exigências de aumentos de capital por parte do regulador espanhol.

A partir de 2010, com o aumento das dificuldades, a operação em Espanha passa a ter de contar com financiamento da casa-mãe e a entrada da troika obriga à reestruturação das operações internacionais, incluindo a espanhola.


Após os cortes, o BCG só regressaria a lucros em 2014, enquanto a sucursal continua a acumular perdas anuais "próximas de 70 milhões". Este ano, 2016, poderá ser o primeiro em que Espanha não perde dinheiro, tendo em Fevereiro o presidente cessante, José de Matos, garantido que "a situação está completamente ultrapassada e resolvida".  

A venda da operação no país vizinho é agora uma possibilidade, numa altura em que a CGD terá de ser recapitalizada num montante ainda por revelar e aguarda a nomeação de uma nova administração, liderada por António Domingues.

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