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BdP sabia das dificuldades do compliance em obter informação sobre BESA

Paula Gramaça, do departamento de compliance do Novo Banco, afirma que as dificuldades em obter informação do BES Angola eram referidas nos relatórios de controlo interno, que eram entregues ao regulador.

António Cotrim
25 de Maio de 2021 às 10:39
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O departamento de compliance do BES/Novo Banco fez vários avisos sobre as dificuldades em obter informação sobre o BES Angola (BESA). Alertas que eram referidos em relatórios de controlo interno, que eram depois entregues ao Banco de Portugal, afirma Paula Gramaça, do departamento de compliance do Novo Banco.

"Havia dificuldades em receber informação" do BESA, no sentido "de entender concretamente quais eram os procedimentos adotados", começou por dizer Paula Gramaça, do departamento de compliance do Novo Banco, esta terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito ao banco liderado por António Ramalho. 

Questionada se estas dificuldades foram comunicadas ao Banco de Portugal, a responsável disse que "fizemos a nossa parte", através de memorandos internos e também da entrega do relatório de controlo interno, que era enviado ao regulador, onde "havia indicação do que se conseguia e não conseguia acompanhar no BESA". 
Paula Gramaça afirmou ainda nunca ter havido uma recusa em entregar informação por parte do BESA, mas esta demorava muito tempo a chegar, eram necessárias várias insistências e quando chegava era, por vezes, vaga. A informação não era, por isso, "suficientemente detalhada" de maneira a que o departamento de compliance pudesse dizer como é que os procedimentos eram aplicados, disse. 

Dificuldades em obter informação que se deviam em alguns casos ao facto de as entidades regulatórias de Angola não permitirem a sua disponibilização. Este era uma dos motivos mencionados à data, referiu a responsável aos deputados. 

Paula Gramaça disse ainda que só após Rui Guerra entrar na administração do BESA "é que há uma abertura". Foi contratado um compliance officer no BESA que foi "a Portugal tentar apreender quais eram os procedimentos da casa-mãe para os tentar aplicar", referiu. 

Também esta terça-feira, Francisco Santos, ex-diretor do departamento de compliance do Novo Banco, também foi ouvido pelos deputados.

O responsável, que esteve no compliance entre 1 de janeiro de 2015, 4 meses após a resolução, e o final de junho de 2017, 4 meses antes da venda do banco, diz que avançou com uma reestruturação quando entrou no departamento. 

Francisco Santos, agora reformado e administrador não executivo de uma empresa de distribuição cotada fora do país, disse que detetou várias falhas, nomeadamente porque não havia o acompanhamento devido da área de sucursais e subsidiárias. 

Além disso, a nível dos canais de distribuição de produtos, era preciso adequar o produto certo ao perfil do cliente. "Gostávamos de ter um crivo sobre isso e podermos dar à rede os produtos adequados para serem vendidos aos clientes", disse. 

(Notícia atualizada às 12:06.)
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