O Banco Comercial Português não tomou nenhuma decisão sobre um potencial aumento de capital para acelerar o reembolso da ajuda estatal.

“Não há nenhuma decisão sobre qualquer aumento de capital”, disse ao Negócios fonte oficial do banco, reagindo à notícia avançada esta quarta-feira pelo “Diário Económico”. De acordo com o jornal, O BES e o BCP estão a preparar a realização de aumentos de capital, que poderão ser anunciados “nos próximos dias ou semanas as respectivas operações”.

Em relação ao BCP, o jornal adianta que BCP está a estudar, com o apoio do JPMorgan, um aumento de capital superior a 1,5 mil milhões, tendo em vista acelerar de forma significativa o reembolso ao Estado de parte dos 3 mil milhões de euros de ajuda estatal.

Fonte oficial do banco acrescentou ao Negócios que o plano de recapitalização do BCP “prevê o pagamento de ‘CoCos’ até 2017”, sem recurso a aumentos de capital.

Na conferência de imprensa de apresentação de resultados o CEO do banco, Nuno Amado, salientou que o objectivo do BCP passava por devolver o apoio estatal "o mais cedo possível". O BCP já pediu ao Banco de Portugal o reembolso da primeira tranche de 400 milhões de apoio público, cuja devolução estava prevista até ao final do ano.

O banco terminou o primeiro trimestre com níveis de solidez mais elevados do que estava previsto no seu plano de capital, pelo que um potencial aumento de capital não será necessário para reforçar rácios. A 31 de Março, o rácio de solvabilidade calculado de acordo com as novas exigências europeias de solidez era de 12,2%, quando a referência para a avaliação de activos que o Banco Central Europeu (BCE) é de 8%.

A ideia do BCP realizar um aumento de capital para acelerar o reembolso ao Estado já foi recomendada ao banco pelos analistas. Em Março o BPI emitiu uma nota de “research” onde salientava que o BCP tem capacidade para, por via orgânica, devolver os três mil milhões de euros nos próximos três anos. Mas defendeu que o BCP também pode acelerar o processo através de um aumento de capital, classificando esta opção como “interessante”, pois nesta altura há grande optimismo em relação aos títulos.

Quanto ao BES, o jornal dá conta que a preparação do aumento de capital está numa fase mais avançada, prevendo-se que esteja concluído nas primeiras semanas de Junho. Não foi possível até à data obter uma recção do banco liderado por Ricardo Salgado à notícia do aumento de capital.

Na bolsa as acções dos dois bancos estão a ser fortemente penalizadas pela notícia. O BCP desce 6,16% para 0,1905 euros e o BES cai 4,75% para 1,162 euros.