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BCP: Acionistas dão “ok” aos dividendos e devolução dos salários em dia de manifestação
A proposta para entregar 30 milhões de euros aos acionistas e ainda mais 12 milhões aos trabalhadores do banco foi aprovada esta quarta-feira em assembleia-geral, numa reunião marcada pela manifestação dos trabalhadores do BCP.
O BCP já tem o "ok" para distribuir 30 milhões de euros aos acionistas e ainda mais 12 milhões aos trabalhadores do banco. A proposta foi aprovada esta quarta-feira, 22 de maio, na assembleia-geral de acionistas da instituição financeira liderada por Miguel Maya. Um encontro que foi marcado pela manifestação dos trabalhadores do BCP, que pedem mais.
No ponto dois da assembleia-geral do BCP, realizada no Tagus Park, em Oeiras, os acionistas deliberaram sobre a proposta de aplicação de resultados para o exercício de 2018. Em causa está o pagamento de um dividendo de 0,2 cêntimos por ação, naquela que será a primeira remuneração aos acionistas desde 2010, num total de 30,2 milhões de euros. Esta proposta foi aprovada com 99,98% dos votos. Isto num encontro que contou com acionistas representativos de 66% do capital do banco.
Foi ainda aprovado o primeiro ponto em discussão - relativo ao relatório de gestão, balanço e contas individuais e consolidadas, relativos ao exercício de 2018, incluindo o relatório do governo societário - com 100% dos votos.
Miguel Maya, presidente da comissão executiva, tinha revelado em fevereiro, quando anunciou os resultados de 2018, que iria propor ao conselho de administração o pagamento de 10% dos lucros em dividendos aos acionistas. Ou seja, 30 milhões de euros.
Dado que o BCP obteve um resultado líquido de 301,1 milhões de euros no ano passado, as contas apontavam para um dividendo por ação de 0,2 cêntimos. Um valor depois confirmado pelo conselho de administração, que propôs esta remuneração na assembleia geral.
Para os trabalhadores também está reservada uma parte dos lucros, sendo que serão distribuídos resultados no montante de perto de 12 milhões de euros, de forma faseada, "no âmbito do processo de compensação pela redução de salários acordada ao abrigo do Acordo Coletivo de Trabalho, conforme redação publicada em 29 de março de 2014, no Boletim do Trabalho e Emprego n.º 12", como referiu o banco em abril.
Assembleia marcada por manifestação
Esta foi a forma que o BCP encontrou de compensar parte dos cortes salariais aplicados aos trabalhadores entre 2014 e 2017. Ainda assim, a assembleia-geral da instituição financeira foi marcada por uma manifestação de trabalhadores do banco, que juntou os cinco sindicatos bancários subscritores dos acordos coletivos de trabalho.
Segundo Paulo Marcos, presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), esta iniciativa contou com mais de 1.500 bancários, que vieram de várias partes do país. "Trouxemos autocarros de Bragança, Algarve, Porto, Braga, Viseu, Covilhã, de todo lado. As pessoas estão aqui porque sentem que é demais", realçou o responsável sindical.
Durante a manifestação, Paulo Marcos, que disse desde logo que se iria abster na votação relativa à reposição dos salários, explicou que a proposta em discussão – de devolver os salários ao longo de três anos – "é algo híbrido e estranho". Isto porque os rendimentos "foram cortados de uma só vez e a devolução devia ser de uma só vez" e a proposta em cima da mesa contempla que a "devolução vai ser feita num prazo muito longo".
Quanto à abertura do banco para negociar, o presidente do SNQTB notou que o "sindicato mantém as pontes sempre abertas" porque é isso "que manda o bom senso". Ainda assim, "não temos encontrado nenhuma receptividade" por parte do banco, nomeadamente sobre a atualização das tabelas salariais relativas a 2018.
Além do SNQTB, o Sindicato dos Bancários do Norte e o Sindicato Independente da Banca entregaram esta quarta-feira uma carta à administração na qual pedem a reposição total e imediata do que foi cortado.
Já o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) expressou o seu apoio a esta proposta, considerando que "defendermos outra coisa que não o que vai à discussão é inviabilizarmos que os trabalhadores comecem desde já a receber as compensações". Durante a manifestação desta quarta-feira, Cristina Damião, responsável do sindicato, afirmou que o "que está em cima da mesa é um memorando de entendimento e um compromisso assumido entre ambas as partes", que querem ver cumprido. "O que resulta desse memorando é que logo que haja resultados e que permitam começar a repor os valores, isso seja feito", disse.
"Claro que queremos que seja o mais célere possível, mas neste momento o memorando está a ser cumprido", acrescentou Cristina Damião, referindo ainda que o objetivo é que a "proposta seja aprovada e que rapidamente se faça um acordo para a atualização das tabelas salariais" depois desta assembleia-geral.
Na quinta-feira passada, durante a apresentação de resultados do primeiro trimestre do BCP, o presidente do banco considerou que a proposta de compensação dos trabalhadores pelos anos de cortes salariais é "mais generosa" do que a proposta de dividendos aos aciontas.
(Notícia atualizada às 20:39)