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BCE: Bancos da Zona Euro têm capital “muito acima dos requisitos”
Supervisor europeu afirma que o setor financeiro da moeda única permaneceu “forte e resiliente em 2023”. Requisitos de capital médios sofreram subida ligeira.
A banca da zona euro manteve-se sólida em 2023, considera o Banco Central Europeu (BCE).
Findo o processo de análise e avaliação para fins de supervisão (SREP, na sigla inglesa) relativa à evolução das instituições financeiras em 2023, o supervisor europeu entende que o setor como um todo manteve-se "forte e resiliente em 2023" dado que "em média, as instituições de crédito mantiveram posições de capital e de liquidez sólidas, muito acima dos requisitos regulamentares".
"A rentabilidade das instituições de crédito regressou a níveis não observados há mais de uma década, reforçando a sua capacidade de resistir a choques externos, como demonstrado nos resultados do teste de esforço de 2023 a nível da União Europeia", enaltece o conselho de supervisão do regulador num comunicado sobre os resultados agregados do exercício.
Na publicação dos resultados agregados o BCE informa ainda que o requisito médio para o rácio "Common Equity Tier 1" (CET 1) teve uma subida ligeira, "refletindo o impacto de políticas macroprudenciais".
"Os requisitos globais e as orientações do Pilar 2 em termos de CET1, que não são vinculativas, subiram, em média, para 11,1%, o que compara com 10,7% em 2023. Tal deveu-se sobretudo à reintrodução de reservas contracíclicas de fundos próprios ou ao aumento das mesmas em vários países e, em menor grau, a alterações de perfil de risco e a acréscimos para cobrir exposições não produtivas. Os requisitos globais e as orientações do Pilar 2 em termos de fundos próprios totais subiram ligeiramente, passando para 15,5% dos ativos ponderados pelo risco, face a 15,1% no ciclo de 2022 do SREP", lê-se no documento.
O presidente do conselho de supervisão, Andrea Enria, afirmou em conferência de imprensa que em 2023 os bancos euripeus "demonstraram ser resilientes face aos desafios macroeconómicos criados pela inflação e subida das taxas de juro, baixo crescimento económico, invasão da Ucrânia e efeitos de longo prazo da pandemia".
No entanto, avisou que essa resiliência "não pode levar a complacência", dado que ainda existem "incertezas e riscos significativos", a começar pelo crescimento económico que continuará a ser afetado pelo aperto da política monetária do BCE e condições adversas na oferta de crédito.
O SREP é uma avaliação anual que tem o objetivo de verificar e garantir que cada banco tem capital e liquidez que consigam fazer face aos riscos que enfrenta ou pode vir a enfrentar, assim como o risco que representa para o sistema financeiro como um todo.
O exercício permite calcular os requisitos de capital e liquidez de cada instituição.